A Alemanha pode sofrer uma queda considerável na força de trabalho caso uma imigração em massa não seja realizada para o país. Segundo dados de um estudo encomendado pela Fundação Bertelsmann e publicado nessa terça-feira, dia 26, a mão de obra no país pode reduzir em 10% até 2040. Ou seja, a força de trabalho alemã pode cair dos atuais 46,4 milhões para 41,9 milhões. Estima-se que até 2060 essa redução chegue a 35,1 milhões.
O estudo foi assinado por Alexander Kubis, do Instituto de Pesquisa de Mercado de Trabalho e Formação Profissional (IAB), da Alemanha, e Lutz Schneider, da Universidade de Coburg. A pesquisa se baseia em dados do Instituto Federal de Formação Profissional (BIBB).
Para que isso não aconteça, de acordo com a conclusão do estudo, a Alemanha precisaria receber um aporte na força de trabalho de cerca de 288 mil profissionais estrangeiros qualificados por ano com o objetivo de preencher postos de trabalho que estão vagos graças ao envelhecimento da população.
Ainda de acordo com o estudo, mas em uma projeção mais pessimista, seria necessária a ocupação de 368 mil vagas de emprego por ano até 2040.
No cenário atual, a Alemanha já enfrenta escassez de mão de trabalho, especialmente em áreas ligadas a enfermagem, tecnologia, construção e logística.
“A saída dos baby boomers do mercado de trabalho apresenta grandes desafios”, disse Susanne Schultz, especialista em migração da Bertelsmann ao site DW. A solução, na visão da especialista, é reduzir os obstáculos para imigração de trabalhadores.
Vale destacar que em 2023, o governo alemão flexibilizou algumas regras com o objetivo de atrair trabalhadores estrangeiros, de modo a reduzir o tempo e os entraves burocráticos para que um profissional qualificado consiga um visto de trabalho no país.
Na época, a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, chegou a dizer que a nova lei de imigração é a “mais moderna do mundo”.
Cartão de oportunidades
Outra maneira de burlar a escassez de mão de obra foi a criação do Chancenkarte (Cartão de Oportunidades), lançado em junho deste ano. O cartão permite um esquema de residência no país para profissionais de fora da União Europeia que queiram procurar trabalho no país. A expectativa do governo alemão é que até o fim de 2024 sejam concedidos cerca de 200 mil vistos.
Por outro lado, a Fundação Bertelsmann destaca que os trabalhadores estrangeiros não irão à Alemanha “sem uma cultura mais acolhedora por parte das autoridades locais e empresas” e sem “a perspectiva de permanecer a longo prazo”.
Escassez de mão de obra atinge toda Europa
O problema da escassez de mão de obra atinge, atualmente, praticamente todos os países membros da União Europeia que se veem diante do mesmo desafio: como suprir a falta de trabalhadores em uma população cada vez mais idosa?
Para manter as economias em movimento muitos países estão apelando para atrair atenção de trabalhadores estrangeiros, até mesmo aquelas nações que sustentam uma forte postura anti-imigração.
Estima-se que cerca de dois terços das pequenas e médias empresas europeias não conseguem suprir a carência de profissionais.
Com informações do site DW Brasil