Os governos da Suécia e da Finlândia atualizaram seus guias de sobrevivência para cidadãos, um reflexo das crescentes tensões geopolíticas na região do Báltico. A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.340 km com a Rússia, e a Suécia, próxima ao enclave militarizado de Kaliningrado, revisaram os manuais pela primeira vez em anos. As mudanças buscam preparar suas populações para cenários que incluem conflitos armados, ataques cibernéticos e emergências climáticas.
Esses dois países, historicamente neutros, passaram por mudanças estratégicas nos últimos anos. A Finlândia ingressou na OTAN em 2023, enquanto a Suécia segue o mesmo caminho, uma transformação impulsionada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. O Ministro Sueco da Defesa Civil, Carl Oscar Bing, destacou que a possibilidade de guerra em território sueco não pode ser descartada, evidenciando a gravidade do momento.
Os novos guias são abrangentes e visam capacitar os cidadãos a enfrentar crises. Na Suécia, o manual atualizado incentiva o armazenamento de alimentos e água para uma semana, detalha como localizar abrigos de defesa civil e oferece conselhos sobre resiliência mental. Frases como “se a Suécia for atacada, nunca se renderá” marcam o tom mais sério desta edição, que aborda desde sabotagens até desastres naturais.
Preparação vai além de conflitos: manuais ensinam estratégias contra desinformação e sobrevivência urbana em tempos de crise
Na Finlândia, o governo optou por uma versão digital do guia, que também instrui os cidadãos sobre como sobreviver a temperaturas extremas sem eletricidade. Já na Noruega, as autoridades promovem a autossuficiência para pelo menos sete dias, destacando práticas como purificação de água e uso de aquecedores alternativos.
Os manuais enfatizam a importância de combater desinformação, um dos grandes desafios da era moderna. Para isso, recomendam verificar fontes confiáveis antes de compartilhar notícias. Outra prioridade é proteger dados pessoais em tempos de guerra híbrida, com orientações sobre senhas seguras e cuidados ao navegar na internet.
No entanto, a implementação enfrenta desafios. Famílias em áreas urbanas têm dificuldade em armazenar suprimentos em espaços limitados, e muitos jovens não possuem memória coletiva de períodos de tensão, como a Guerra Fria. Isso exige esforços extras para conscientizar novas gerações sobre os riscos atuais.
Espírito de resiliência fortalece países nórdicos e destaca lições globais em tempos de incerteza
Apesar das dificuldades, os guias são vistos como um símbolo de resiliência nacional. Na Finlândia, o conceito de “Sisu”, que representa determinação e coragem, permanece central na identidade nacional. Na Suécia, a memória de neutralidade e preparação durante a Segunda Guerra Mundial reforça o senso de união e prontidão.
Com essas atualizações, Suécia e Finlândia mostram ao mundo que a preparação começa dentro de casa. Ao reforçar a autossuficiência e a coesão social, esses países enviam uma mensagem clara: em tempos de incerteza, a união e a resiliência são as melhores defesas.
Com informações de: Hoje no mundo Militar