A cidade do Rio de Janeiro recebeu, na noite de terça-feira (19/11), o encerramento da Cúpula de Líderes do G20. Com isso, o evento finalizou a presidência rotativa do Brasil, ao mesmo tempo em que marcou o início do comando da África do Sul no grupo. Dessa forma, o Brasil consolidou seu legado no G20, destacando-se por criar a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa idealizada por Lula. O projeto foi, de fato, lançado oficialmente na segunda-feira (18/11), gerando grande impacto global.
Com mais de 82 países e diversas organizações internacionais aderindo à aliança, o projeto mostrou sua força e relevância no cenário internacional. Surpreendentemente, até mesmo a Argentina, governada por Javier Milei, um líder politicamente oposto a Lula, decidiu participar do grupo de trabalho. Essa adesão reflete a importância da Aliança Global Contra a Fome, que, sem dúvida, une nações divergentes em torno de um objetivo comum, o que, por sua vez, fortaleceu ainda mais a posição do Brasil no G20.
Durante seu discurso de despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ressaltou, antes de tudo, a importância da alternância de poder no G20.
Unindo nações em torno de uma causa comum: O legado de Lula
Lula também destacou que, com a liderança sul-africana, todos os países membros terão, enfim, assumido o comando do bloco. Essa iniciativa, portanto, consolidou a imagem de Lula ao unir países divergentes em torno de um objetivo comum: combater a fome e a pobreza.
Durante a cúpula, Lula ainda reforçou críticas à Organização das Nações Unidas (ONU), cobrando, assim, mais representatividade para os países do Sul Global. Ele argumentou, inclusive, que nações da América Latina e da África precisam de maior inclusão nos debates globais.
Ao transferir a presidência do G20 para Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, Lula reafirmou os laços entre os continentes. “Esta não é uma transmissão de presidência comum. É a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África”, afirmou.
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Governança global e taxação de super-ricos: Os avanços do Brasil na conferência
O documento final do encontro, divulgado na noite de 18/11, detalhou as prioridades da presidência brasileira. O texto destacou temas como a Aliança Global contra a fome, reforma da governança global e taxação de grandes fortunas.
O Brasil, portanto, intensificou a pressão por mudanças no Conselho de Segurança da ONU, propondo, de maneira clara, uma composição mais inclusiva. Atualmente, o conselho conta com 15 membros, sendo 5 fixos com poder de veto. Essa configuração, segundo a proposta brasileira, exclui de forma desproporcional países da África e da América Latina.
Apesar de a reforma do Conselho de Segurança apresentar baixa probabilidade de implementação, a proposta brasileira conseguiu, ainda assim, o apoio dos cinco membros permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.
Outra conquista relevante envolveu, de maneira inédita, a inclusão de um compromisso sobre a taxação de grandes fortunas. Embora tenha enfrentado a resistência do governo argentino de Javier Milei, o documento, no entanto, reafirmou o objetivo de assegurar que indivíduos com patrimônio líquido elevado sejam tributados de forma adequada.
“Com total respeito à soberania tributária, nós procuraremos nos envolver cooperativamente para garantir que indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto sejam efetivamente tributados”, destacou o texto. Assim, essa inclusão representa um avanço significativo no debate global sobre justiça fiscal e a distribuição de recursos.
África do Sul assume o G20 com novos compromissos
Com o término da liderança brasileira, a África do Sul, consequentemente, já se organiza para assumir oficialmente a presidência do G20 no próximo mês. Cyril Ramaphosa, presidente sul-africano, assumiu, portanto, o compromisso de continuar o trabalho iniciado pelo Brasil e, ao mesmo tempo, anunciou como prioridades o crescimento econômico inclusivo, a segurança alimentar e o avanço da inteligência artificial. Dessa forma, ele se comprometeu a seguir com as pautas globais estabelecidas, mantendo o foco nas necessidades dos países em desenvolvimento.
“Nós nos comprometemos a avançar o trabalho do G20 para alcançar maior crescimento econômico global e desenvolvimento sustentável”, afirmou Ramaphosa. Ele também destacou a relevância de dar mais visibilidade às prioridades do continente africano e do Sul Global dentro da agenda do G20.
A transição de liderança reflete o esforço contínuo para ampliar a equidade nas decisões globais e colocar as necessidades das economias emergentes no centro das discussões internacionais.