A Espanha deu um passo inédito no apoio militar à Ucrânia ao anunciar o envio de armamento pesado e uma expressiva contribuição financeira, destinada a fortalecer a defesa do país contra a invasão russa. Em um novo pacote de ajuda, anunciado em março de 2024, o governo espanhol confirmou o envio de 19 tanques Leopard 2 A4, que passam por atualizações e reparos para garantir pleno funcionamento ao chegarem à Ucrânia.
Esse movimento marca a segunda remessa de tanques enviada pela Espanha. A primeira, realizada em 2023, incluiu seis tanques Leopard 2, mas o novo envio quadruplica o apoio espanhol. Esse incremento busca fornecer à Ucrânia meios adicionais para conter o avanço russo, especialmente na região de Donetsk, onde as forças russas concentram suas ofensivas.
Em maio, o apoio foi reforçado ainda mais com a assinatura de um acordo entre o primeiro-ministro Pedro Sánchez e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O pacto prevê uma ajuda de 1 bilhão de euros para atender às principais necessidades de defesa da Ucrânia e proteger rotas estratégicas, incluindo exportações de alimentos no Mar Negro. Esse valor é parte de uma meta ambiciosa de assistência de 5 bilhões de dólares até 2027.
A entrega de armamento vai além dos tanques Leopard 2, incluindo sistemas antiaéreos Patriot, amplamente eficazes no abate de aviões e mísseis russos. A adição desses sistemas de defesa é vista como essencial para barrar a superioridade aérea russa, que tem usado intensamente suas aeronaves em bombardeios na Ucrânia. O envio de armamentos antidrone também faz parte do pacote, fornecendo uma defesa abrangente.
O histórico de relações entre a Espanha e a Rússia tem sido neutro até recentemente, mas a invasão russa à Ucrânia modificou esse panorama. Em 2024, a ministra da Defesa, Margarita Robles, declarou que a ameaça russa é “total e absoluta” e que um míssil balístico russo poderia, potencialmente, atingir o território espanhol. Essas declarações refletem a preocupação crescente da Espanha com a segurança na Europa diante da postura agressiva de Moscou.
Além do apoio militar, a Espanha firmou compromissos diplomáticos, como a reafirmação do direito da Ucrânia à autodefesa, em linha com o artigo 51 da Carta da ONU. O pacto destaca que a Espanha está comprometida em apoiar a Ucrânia enquanto necessário para garantir sua independência e estabilidade na região. Sánchez, no entanto, foi enfático ao declarar que as armas enviadas à Ucrânia não devem ser usadas em solo russo.
Apesar do apoio decidido, a medida gerou tensões na política interna da Espanha. Ernest Urtasun, do partido Sumar, criticou a falta de transparência do governo ao tomar decisões sobre a assistência militar e os recentes aumentos nos gastos com defesa. O partido integra a coalizão de esquerda que sustenta o governo e defende uma postura mais cautelosa em relação ao envolvimento espanhol no conflito.
As doações espanholas representam uma mudança significativa na posição do país, que anteriormente oferecia apenas apoio financeiro modesto à Ucrânia. Agora, com a promessa de 5 bilhões de dólares até 2027, a Espanha se une às principais potências europeias no fornecimento de ajuda militar, demonstrando que pretende ser um parceiro estratégico de longo prazo para Zelensky e seu governo.
O impacto desta ajuda ainda é incerto, mas o envio de armamento pesado e a promessa de auxílio contínuo são sinais claros de um comprometimento crescente da Espanha com a Ucrânia, reforçando a defesa europeia contra a expansão das forças russas e intensificando a pressão sobre Vladimir Putin.
Com informações de: O Show Militar