O governo ucraniano alertou que o exército de Moscou tem intensificado os ataques contra as ferrovias, em uma tentativa de interromper os suprimentos militares ocidentais antes de uma nova ofensiva russa. Enquanto Kiev aguarda novas entregas de armas dos Estados Unidos, as forças russas aumentaram a pressão nos combates, preparando o terreno para possíveis avanços estratégicos.
Uma fonte de segurança ucraniana revelou à agência AFP que a estratégia de Moscou inclui “danificar a infraestrutura ferroviária ucraniana para paralisar as entregas e o transporte de carga militar”, enquanto o exército russo prepara novas movimentações no leste ucraniano. “Esses são passos normais antes de uma ofensiva”, comentou a fonte. Com mais poder de fogo e contingente humano no fronte, o exército russo já possui uma vantagem considerável, aumentando a complexidade dos combates para o exército ucraniano.
Exército russo mira pontos estratégicos em ofensiva contra ferrovias
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou sua preocupação ao afirmar que o exército russo busca capturar posições estratégicas, como o vilarejo de Chasiv Yar, localizado na região oriental de Donetsk. Segundo Zelensky, os meses de espera pela ajuda militar dos EUA — um pacote de 61 bilhões de dólares aprovado recentemente — custaram caro às forças ucranianas. “Enquanto aguardávamos a decisão sobre a ajuda dos EUA, o exército russo conseguiu tomar a iniciativa no campo de batalha”, declarou Zelensky em uma reunião por videoconferência com aliados internacionais.
Oleksandr Pertsovsky, responsável pelo transporte de passageiros da Ukrzaliznytsia, a empresa ferroviária estatal ucraniana, confirmou que o exército russo intensificou os ataques a instalações ferroviárias. “Eles estão atacando as estações de maneira indiscriminada, de uma forma muito primitiva”, afirmou. Três trabalhadores ferroviários foram mortos e quatro ficaram feridos em um ataque russo com mísseis na região de Donetsk. No mesmo dia, dez civis foram feridos quando as forças russas bombardearam as instalações ferroviárias de Balakliya, na região de Kharkiv.
Segundo o Ministério da Defesa russo, um ataque realizado em Udachne, também na região de Donetsk, teve como alvo “armas e materiais militares ocidentais” transportados por ferrovias. Além disso, foram confirmados ataques nas instalações de carga ferroviária em Balakliya. Esses incidentes representam apenas uma fração dos ataques que, até agora, já danificaram ferrovias e estações por toda a Ucrânia, inclusive em regiões mais centrais como Cherkasy e Dnipro.
Ataques atingem hospitais e civis em áreas próximas à capital
Autoridades em Kiev informaram a evacuação urgente de dois hospitais na capital, após relatos de um possível ataque russo iminente. Segundo a prefeitura, “um vídeo está circulando amplamente na mídia online, anunciando um ataque inimigo contra essas instalações médicas”, incluindo um hospital infantil. Para proteger os pacientes, especialmente as crianças, as autoridades locais transferiram pacientes e profissionais para outras unidades da capital.
O exército russo já atacou instalações médicas em áreas próximas ao fronte durante a guerra, que já dura três anos. Em março de 2022, um bombardeio russo atingiu uma maternidade em Mariupol, ação que Kiev e autoridades ocidentais classificaram como crime de guerra.
Enquanto isso, ataques transfronteiriços entre os dois lados têm resultado em mais baixas. Pelo menos cinco pessoas morreram na sexta-feira. Duas mulheres, de 77 e 69 anos, foram mortas após bombardeios russos na cidade de Bilopillya, região de Sumy, no nordeste da Ucrânia. Em resposta, o governador da região russa de Kursk, fronteira com a Ucrânia, informou que uma pessoa morreu devido ao bombardeio ucraniano. Na região de Briansk, também próxima à fronteira, uma pessoa ferida em um ataque com drones ucraniano faleceu no hospital.
Em Lugansk, região reivindicada pela Rússia como parte de seu território, as autoridades instaladas por Moscou confirmaram a morte de uma pessoa em mais um dos ataques recentes. À medida que o conflito se intensifica, os civis enfrentam um cenário de grande incerteza, enquanto o exército de ambos os lados se prepara para uma nova fase de violência e ocupação em território ucraniano.