A missão histórica liderada pelo Brasil reúne 61 cientistas do Brics em uma expedição à Antártica. O objetivo principal é avaliar os impactos do aquecimento global, como as mudanças climáticas, o derretimento das geleiras e a elevação do nível dos oceanos.
Essa iniciativa é essencial para entender a magnitude das mudanças climáticas e seu efeito sobre o futuro do planeta. Início da grande expedição Antártica: coleta de dados cruciais pelos cientistas do Brics
Às 2h20 da madrugada de 23 de novembro, começou a fase decisiva da maior Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica (ICCE). Essa missão, que deve durar dois meses, visa coletar dados biológicos, químicos, físicos e atmosféricos.
Entretanto, um inédito levantamento aéreo das massas de gelo será realizado. Embora pareça abstrato, o futuro da humanidade depende dessas informações vitais.
A bordo do navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov, 61 cientistas de sete países – Brasil, Argentina, Chile, China, Índia, Peru e Rússia – percorrerão cerca de 20.000 km ao longo da costa da Antártica.
O navio partiu do Porto de Rio Grande, no extremo sul do Brasil, sob a coordenação do experiente pesquisador Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Inicialmente, a partida estava marcada para a tarde do dia 22, mas uma parte da carga da China ficou retida na Aduana em São Paulo, atrasando a missão
Abertura da solenidade: diplomacia científica e cooperação internacional na Antártica
Na abertura da solenidade, Simões destacou a importância científica da missão para entender as mudanças climáticas e a preservação da Antártica. Ele enfatizou o papel diplomático da ciência, que atua como uma ponte para a colaboração internacional.
Essa cooperação une esforços de diferentes países na busca de soluções conjuntas para desafios globais.
Estiveram presentes na cerimônia o comandante do 5º Distrito Naval, Vice-Almirante Augusto José da Silva Fonseca Junior; o reitor da UFRGS, Danilo Giroldo; o cônsul-geral da Índia, Hansraj Singh Verma; o cônsul honorário da Rússia no Rio Grande do Sul, Jacinto Zabolotsky; o diretor da Fundação de Apoio da Ufrgs, Odir Dellagostin; e o diretor do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica de São Petersburgo, Aleksandr Makarov. Makarov, que é cientista na Universidade de São Petersburgo, já participou de mais de 15 expedições ao Ártico.
Financiamento e diplomacia científica: a relevância da cooperação internacional na expedição Antártica
Portanto, o custo total da expedição Antártica é de R$ 9 milhões. Entretanto, Simões afirmou: “Mas não se preocupem que não é dinheiro público.” A maior parte do financiamento vem do Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica de São Petersburgo, apenas 4% são proveniente de órgãos estatais.
“Em um momento de complicação na política internacional, surge a intenção de demonstrar que a cooperação científica e a parceria acadêmica refletem a essência da diplomacia científica. Trata-se de buscar soluções para problemas mútuos, com interesses compartilhados”, destacou Simões.
Portanto a reitora da UFRGS, Marcia Barbosa, ressaltou a importância da cooperação internacional. Entretanto, ela lembrou que a interação entre a UFRGS e esse projeto científico com a Rússia começou anos atrás.
Marcia foi mencionada pela ONU Mulheres como “uma das sete cientistas que moldam o mundo” e, em 2020, foi eleita pela revista Forbes como uma das 20 mulheres mais influentes no Brasil.