A Ucrânia prepara um movimento estratégico que promete redefinir as táticas de combate na guerra contra a Rússia. Entre dezembro e o final do ano, até 50 mil drones autônomos equipados com tecnologia de inteligência artificial (IA) devem reforçar as linhas de frente. Esse exército de “robots assassinos” tem a capacidade de identificar e atacar alvos automaticamente, o que pode virar a balança em um conflito que já dura quase três anos.
Segundo informações divulgadas pela ‘CNN Portugal’, essas novas armas representam um avanço significativo na condução da guerra. Oleksii Babenko, CEO da start-up ucraniana ‘Vyriy Drones’, destacou que os drones fabricados pelas empresas locais já incorporam sistemas avançados que automatizam o ataque ao alvo. “Mais de 50% dos drones que produzimos atualmente possuem um sistema de orientação automática. O operador apenas localiza o alvo e ativa o comando; o drone executa o resto. É como um piloto automático”, explicou Babenko.
Até dezembro, uma combinação de tecnologia de ponta e produção em massa desse ‘exército kamikaze’ garantirá a entrega de dezenas de milhares dessas aeronaves não tripuladas. A promessa é revolucionar a eficácia das tropas ucranianas, reduzindo a dependência dos pilotos humanos para conter o avanço russo. Hoje, os drones desempenham um papel essencial no arsenal de Kiev, mas enfrentam limitações diante das interferências eletrônicas implementadas pelo Kremlin.
Produção em larga escala: Apenas em 2024, já foram adquiridos 1,5 milhão de unidades dos drones kamikaze
O desenvolvimento acelerado dessa tecnologia foi impulsionado pela colaboração entre o Exército da Ucrânia e a empresa americana Auterion, responsável por criar computadores miniaturizados de alta eficiência. Esses dispositivos, que podem ser integrados a drones FPV, custam apenas 15 dólares por unidade e possibilitam a fabricação em larga escala, algo impensável até recentemente.
De acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o país tem capacidade de produzir até quatro milhões de drones por ano. Apenas em 2024, já foram adquiridos 1,5 milhão de unidades. O exército de drones kamikaze, que já representa quase metade dos disparos efetuados pelas forças armadas da Ucrânia, têm desempenhado um papel decisivo, com destaque para a destruição de veículos blindados russos. Contudo, os novos drones com inteligência artificial prometem elevar a taxa de eficácia de 50% para impressionantes 90%, segundo dados compartilhados por Babenko.
Guerra eletrônica tem sido uma arma poderosa nas mãos do Exército Russo
A guerra eletrônica tem sido uma arma poderosa nas mãos do Exército da Rússia, que frequentemente usa bloqueadores de sinal para interromper a conexão entre o piloto e o drone. No entanto, os novos sistemas desenvolvidos na Ucrânia oferecem uma solução eficaz para este desafio. Graças aos microcomputadores integrados, os drones são capazes de completar sua missão mesmo sem sinal direto do operador.
“Para drones menores, o mais importante é que eles possam atingir o alvo sem depender do controle humano em tempo real. Essa capacidade é crucial porque a Rússia utiliza jammers muito potentes que cortam o sinal. Com a nova tecnologia, essas aeronaves podem continuar operando de forma independente, garantindo resultados no campo de batalha”, explicou o fundador da ‘Vyriy Drones’.
A próxima etapa: automação total
Embora esse exército de drones ainda não seja completamente autônomos, especialistas veem neles um primeiro passo significativo rumo à automação total no campo de combate. Na escola de drones localizada em Kiev, empresas como a ‘Vyriy Drones’ estão treinando pilotos para operar o novo sistema.
Os resultados obtidos nos testes têm sido considerados promissores, com precisão sem precedentes e capacidade de adaptação em cenários adversos.
Um trunfo essencial para o Exército da Ucrânia
Com um panorama de forças desequilibrado no conflito, a introdução dessa nova tecnologia oferece uma vantagem estratégica para o Exército de Kiev. Os drones autônomos, que combinam inovação e custo-benefício, têm o potencial de mudar as dinâmicas da guerra, marcando um salto tecnológico que pode servir de modelo para futuros conflitos.
Enquanto a Ucrânia investe fortemente nessa nova geração de robots, o impacto de sua aplicação no campo de batalha será observado de perto por nações ao redor do mundo.