Os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, figuras centrais do governo Bolsonaro, podem ter seus salários – que chegam a R$ 37.988,22 – suspensos. A medida foi solicitada pelo Ministério Público junto ao TCU e inclui ainda outros 22 militares indiciados pela Polícia Federal por suposta participação na tentativa de golpe de Estado em 2022, conforme revelou o jornal Valor.
Salários milionários na mira
Lucas Furtado, representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), enviou um pedido para suspender os pagamentos aos 25 militares indiciados. Segundo o Portal da Transparência, os salários do grupo variam de R$ 10.027 a R$ 37.988,22, somando um gasto anual de R$ 8,8 milhões aos cofres públicos.
Além disso, o subprocurador também pediu o bloqueio de bens dos investigados para cobrir os danos provocados durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. O prejuízo foi estimado em R$ 56 milhões pela Advocacia-Geral da União (AGU).
Nomes de peso na lista da PF
Os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, todos ministros durante o governo Bolsonaro, são os nomes de maior destaque entre os indiciados. Braga Netto, ex-ministro da Defesa, foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. Augusto Heleno comandou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), enquanto Paulo Sérgio Nogueira liderou o Ministério da Defesa.
Ofensiva judicial
Segundo o jornal Valor, Furtado afirmou que manter os pagamentos seria uma afronta à ordem democrática. “Não se mostra razoável e legítimo que o Estado continue a dispender valiosos recursos públicos com o pagamento de régias remunerações a esses indivíduos agora indiciados por esses graves crimes”, declarou em ofício ao presidente do TCU, Bruno Dantas.
Para o subprocurador, permitir essa situação equivaleria a usar recursos públicos para sustentar agentes acusados de tentar destruir a própria democracia. O documento ainda solicita ao Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento do relatório final da Polícia Federal sobre o caso. O pedido segue agora para o TCU.