Evidências crescentes indicam que o Irã desenvolveu armas químicas baseadas em opioides sintéticos, como o fentanil. Essas armas podem ser usadas para incapacitar soldados ou civis, caso sejam adicionadas a dispositivos como granadas ou projéteis de artilharia. Segundo especialistas, esses agentes químicos, conhecidos como agentes farmacêuticos, representam uma ameaça significativa se forem compartilhados com aliados iranianos como o Hezbollah e o Hamas.
Os agentes farmacêuticos, ou PBAs (Pharmaceutical-Based Agents), são medicamentos transformados em armas químicas que podem causar morte ou incapacitação temporária dependendo da exposição. Em um artigo publicado pelo Combatting Terrorism Center, Matthew Levitt, especialista em segurança, alerta que essas substâncias poderiam ser usadas para capturar tropas ou civis israelenses.
Os PBAs afetam o sistema nervoso central, fazendo com que as vítimas percam a consciência rapidamente. Isso permite que as forças que os utilizam avancem sem resistência ou façam prisioneiros facilmente. “Em um momento de crescente instabilidade no Oriente Médio, os perigos do programa de PBAs do Irã não podem ser ignorados”, escreveu Levitt.
Embora o Irã tenha sido vítima de armas químicas durante a Guerra Irã-Iraque nos anos 1980, quando sofreu ataques com gases nervosos como sarin, há indícios de que o país também tenha usado agentes químicos, incluindo PBAs, em alguns momentos. Relatórios apontam que milícias pró-Irã no Iraque podem ter usado essas substâncias contra manifestantes anti-governo, enquanto Israel acredita que o Irã as empregou na Guerra Civil Síria.
Um dos maiores temores em relação ao uso de PBAs é sua aplicação por grupos aliados do Irã. Especialistas sugerem que o Hezbollah poderia usar essas armas para ações táticas, como incapacitar guardas na fronteira israelense e realizar sequestros de civis ou militares. Além disso, o uso desses agentes oferece ao Irã uma camada de negação plausível, já que eles podem ser apresentados como substâncias de uso médico legítimo.
Documentos hackeados em 2023 indicam que universidades militares iranianas estão desenvolvendo granadas capazes de dispersar agentes químicos como medetomidina, um sedativo veterinário. A produção desses agentes, mesmo sob a justificativa de pesquisa, gera suspeitas, especialmente quando o volume adquirido é suficiente para milhares de doses letais.
O caso mais conhecido de uso de agentes químicos farmacêuticos foi em 2002, quando forças russas usaram gás à base de opioides para retomar um teatro em Moscou tomado por rebeldes chechenos. Embora o gás tenha incapacitado os sequestradores, ele também matou mais de 130 reféns, demonstrando o risco extremo dessas substâncias.
A dificuldade em regulamentar os PBAs está no fato de que muitos desses compostos têm aplicações legítimas em medicina ou segurança pública. Por exemplo, gases lacrimogêneos, usados em controle de distúrbios civis, são amplamente permitidos, mas seu uso em combate é proibido.
Embora os PBAs não sejam considerados armas de destruição em massa, como gases nervosos, sua utilização em conflitos gera preocupação global. “Eles são armas táticas, mas carregam o medo associado a armas químicas”, enfatizou Levitt. Mesmo com restrições internacionais, a dificuldade em controlar o uso desses agentes farmacêuticos continua a desafiar a diplomacia e a segurança global.
Com informações de: Businessinsider