A JBS, uma das maiores multinacionais de alimentos do mundo, chocou o mercado ao anunciar sua entrada no segmento de carne cultivada em laboratório. A promessa de produzir carne real sem abater animais não apenas abala a indústria tradicional como também marca um avanço significativo rumo à sustentabilidade e à ética na produção alimentar.Para materializar essa visão, a JBS está investindo US$ 100 milhões entre 2021 e 2025 no desenvolvimento de proteínas cultivadas nos EUA.
Parte desse capital já foi destinado à aquisição de 51% da empresa espanhola BioTech Foods, especialista em biotecnologia. Além disso, a multinacional brasileira está construindo a maior fábrica de carne de laboratório do mundo nos EUA, com um investimento inicial de US$ 41 milhões. Com a produção a partir de uma única célula animal, a empresa planeja lançar almôndegas, hambúrgueres e, futuramente, bifes bovinos e filés de frango, destacando-se como pioneira global nesse segmento inovador.
Avanço tecnológico redefine a produção de carne com sustentabilidade e inovação
“Este avanço tecnológico representa uma mudança de paradigma na indústria alimentícia,” destacou Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS. Ele reforçou o compromisso da empresa em atender à crescente demanda por proteínas de forma sustentável, sem abrir mão do sabor e da qualidade que os consumidores esperam.
A tecnologia utilizada pela JBS baseia-se no cultivo celular: um processo que replica células animais em biorreatores. Com isso, é possível produzir carne sem a criação e abate de animais, reduzindo drasticamente o impacto ambiental associado à pecuária tradicional. Segundo especialistas, essa abordagem pode redefinir o mercado em países que enfrentam pressão por práticas mais sustentáveis.
Investimentos estratégicos impulsionam a revolução da carne cultivada
O anúncio da JBS gerou repercussão imediata no setor alimentício, atraindo a atenção de investidores e especialistas. A carne cultivada oferece soluções promissoras para atender à crescente demanda global por proteínas, especialmente em regiões onde a falta de recursos naturais, como água e terras agrícolas, limita a produção convencional.
Daniel Lemos, especialista em sustentabilidade alimentar, afirma que essa tecnologia pode democratizar o acesso à proteína de alta qualidade, reduzindo custos sociais e ambientais. Contudo, há desafios a serem superados, como a regulamentação do produto em diferentes mercados e a necessidade de tornar a produção economicamente viável.
JBS acelera inovação com fábrica nos EUA e reforça liderança global em proteínas alternativas
Até 2025, a JBS pretende inaugurar a maior unidade de produção de carne cultivada em laboratório no mundo. Localizada nos EUA, a fábrica terá capacidade inicial para produzir mil toneladas anuais de proteína, com expansão planejada para até 4 mil toneladas. Simultaneamente, a empresa investe em uma unidade brasileira, reforçando sua posição como líder no mercado de proteínas alternativas.
Tecnologia inovadora que revoluciona a produção sustentável
Diferentemente dos produtos plant-based, a carne cultivada é desenvolvida diretamente de células animais. Esse processo começa com a coleta de uma célula animal, que é alimentada com nutrientes em laboratório, estimulando sua proliferação em biorreatores. Em semanas, as células formam tecidos que reproduzem as cores, texturas e sabores da carne tradicional.
A tecnologia permite que o processo, que na natureza levaria anos, seja concluído em um curto espaço de tempo. Com isso, a produção não apenas atende à crescente demanda por carne, mas também estabelece novos padrões de eficiência e sustentabilidade no setor alimentício.
JBS e o futuro da carne cultivada: desafios regulatórios e impacto no Brasil
O movimento da JBS para liderar o mercado de carne cultivada ressalta seu compromisso com inovação e práticas éticas. Apesar do potencial, a aceitação do consumidor e a regulamentação permanecem como pontos críticos. Especialistas destacam a necessidade de normas claras para garantir a segurança do produto e a confiança do mercado.
No Brasil, as discussões sobre carne de laboratório avançam, levantando preocupações sobre os impactos econômicos na pecuária tradicional e a adaptação da legislação. A regulamentação adequada será crucial para equilibrar inovação, sustentabilidade e proteção ao setor agrícola, preparando o país para um futuro onde a carne de laboratório possa coexistir com a produção convencional.