A Lockheed Martin, por meio de sua divisão Skunk Works, apresentou um conceito inovador para um avião-tanque aéreo furtivo, que poderá operar de forma opcionalmente tripulada. O projeto foi divulgado como parte do esforço da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em modernizar sua frota de reabastecimento com o sistema Next Generation Air-Refueling System (NGAS), um componente-chave da iniciativa Next Generation Air Dominance (NGAD). Contudo, restrições orçamentárias apresentam desafios significativos para a implementação dessa nova capacidade estratégica.
O design do avião-tanque se destaca por elementos de furtividade, como asas inclinadas, estabilizadores verticais inclinados e uma fuselagem com linhas discretas e painéis em formato serrilhado. Um dos destaques do projeto é o escapamento oculto com bordas dentadas, projetado para reduzir a assinatura de radar e calor. As imagens divulgadas pela empresa mostram o modelo realizando reabastecimento aéreo de dois caças F-35A, utilizando sistemas de lança localizados nas extremidades das asas.
O projeto também contempla a possibilidade de operar tanto no modo tripulado quanto no não tripulado, oferecendo flexibilidade operacional para diversas missões. Essa característica reflete a tendência de incorporar tecnologias autônomas às aeronaves de reabastecimento. Um representante da Lockheed Martin confirmou que o Skunk Works está buscando um equilíbrio entre furtividade, autonomia e custo em seus novos conceitos.
O NGAS deverá operar em conjunto com os aviões-tanque tradicionais, como os modelos KC-46 e KC-135, e com drones de reabastecimento. Esse modelo híbrido permitiria que aeronaves não tripuladas operassem em zonas de alto risco, protegendo as tripulações humanas. A necessidade de tanques furtivos foi enfatizada pelo Secretário da Força Aérea, Frank Kendall, que destacou a importância de aeronaves capazes de operar em áreas de negação de acesso (A2/AD), especialmente em regiões como o Pacífico.
Além do conceito da Lockheed Martin, a Boeing propôs uma variante terrestre de seu drone MQ-25 Stingray, originalmente projetado para a Marinha dos EUA. A Força Aérea também está avaliando alternativas como pods de reabastecimento adaptáveis, que permitiriam que outras aeronaves funcionassem como pequenos tanques de apoio em missões críticas.
O projeto da Lockheed Martin também prevê a capacidade de reabastecimento autossuficiente em pleno voo, o que poderia ampliar seu alcance operacional. Apesar disso, alguns desafios técnicos permanecem, como a compatibilidade com diferentes métodos de reabastecimento, incluindo o sistema de sonda e cesta usado pela Marinha e pelos Fuzileiros Navais dos EUA.
Durante um simpósio recente da Airlift/Tanker Association, Kendall destacou os desafios financeiros do NGAS e de outras iniciativas de modernização, como o desenvolvimento do caça de sexta geração e drones de combate colaborativo. A Força Aérea espera finalizar os requisitos do NGAS até o final do ano e já solicitou informações à indústria para identificar potenciais fornecedores e tecnologias.
A divisão Skunk Works, reconhecida por sua agilidade em prototipagem, tem um histórico de projetos inovadores como o P-80 e o F-117 Nighthawk. Contudo, a transição de protótipos para produção em massa tem se mostrado desafiadora, como demonstrado pelo programa F-35, que enfrentou atrasos e aumentos de custos devido a problemas durante a produção.
A Força Aérea também está explorando alternativas ao reabastecimento aéreo, como a estratégia Agile Combat Employment, que busca reduzir a dependência de tanques em solo. Apesar disso, o reabastecimento em voo permanece uma prioridade para operações em áreas dispersas e de alto risco.
Com avanços contínuos no NGAS e em sistemas de reabastecimento furtivos e autônomos, a Força Aérea dos EUA busca manter sua capacidade de operar em ambientes de alta ameaça. O conceito apresentado pela Lockheed Martin representa um passo importante para atender a essas demandas em um cenário global cada vez mais desafiador.
Com informações de: Armyrecognition