Nesta segunda-feira, 11 de novembro de 2024, o Ministério Público de São Paulo solicitou a rescisão do acordo de colaboração premiada firmado por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach.
Gritzbach é o empresário que foi assassinado no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro. A solicitação foi motivada pela morte do empresário. O MP, no entanto, também pediu autorização judicial para a continuidade do uso das provas que o empresário forneceu anteriormente durante as investigações. O objetivo seria evitar que, futuramente, fosse arguida a nulidade do processo.
Esse pedido tem grande relevância, considerando a gravidade das informações que Gritzbach revelou antes de morrer.
O Caso Gritzbach
Antônio Vinícius Gritzbach, exonerado de sua liberdade condicional após a assinatura de seu acordo de delação premiada em abril de 2024, estava sendo investigado por seu envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O PCC é uma das facções criminosas mais poderosas do país. A delação de Gritzbach revelou informações sobretudo sensíveis sobre o crime organizado, incluindo acusações de extorsão envolvendo policiais e ligações com o tráfico de drogas e a corrupção policial.
O pedido de rescisão do acordo de delação pelo Ministério Público de São Paulo foi formalizado após o assassinato de Gritzbach. O argumento é de que, com sua morte, o acordo perde sua finalidade, dado que o colaborador não poderá mais cumprir suas obrigações de testemunho. No entanto, o MP se apressou em solicitar que as provas que Gritzbach entregou se mantenham válidas. O MP se preocupa não apenas que se preservem as provas, mas que também se inclua nas investigações para esclarecer o assassinato. Além disso, declara que deseja apurar se o PCC foi, de fato, o responsável por sua execução.
A morte do empresário, no entanto, levanta dúvidas sobre a segurança das testemunhas, especialmente considerando que Gritzbach se recusou a ingressar no programa de proteção do governo, alegando que ele “não se enquadrava” ao seu estilo de vida.
Possível envolvimento de policiais
A colaboração de Gritzbach havia revelado esquemas de extorsão envolvendo membros da Polícia Civil de São Paulo. O fato, em tese, já teria implicado o sistema de segurança pública no apoio ao crime organizado. Além disso, o empresário apontou um envolvimento direto de policiais com a proteção e segurança de membros do PCC. O MP identificou, inclusive, delegacias em São Paulo, como as do bairro do Tatuapé e outras unidades especializadas, que estavam aparentemente associadas à facilitação das ações criminosas do PCC.
O pedido do MP para continuar com o uso das provas de Gritzbach nas investigações visa não só apurar as circunstâncias da morte do empresário, mas também a possibilidade de envolvimento de policiais nos crimes que ele denunciava. A Secretaria de Segurança Pública montou uma força-tarefa junto com a Corregedoria da Polícia e órgãos de inteligência para investigar o possível envolvimento de agentes públicos no assassinato e em esquemas criminosos com o PCC.
O assassinato e a falha na segurança
O assassinato de Gritzbach ocorreu quando o empresário e sua namorada desembarcava no Aeroporto de Guarulhos, após uma viagem a Maceió. A investigação revelou que o empresário estava sob a escolta de quatro policiais militares, contratados por ele próprio para sua segurança. No entanto, um dos carros da escolta, um Volkswagen Amarok, apresentou uma falha mecânica, o que levou à sua retirada do local e à ausência da segurança no momento do crime. Após essa falha, dois homens portando fuzis abordaram Gritzbach, disparando dez tiros contra o empresário que morreu no saguão do aeroporto.
A morte do empresário, sobretudo em um local público e movimentado, gerou grande repercussão. A polícia agora investiga se a falha mecânica do veículo foi uma tentativa de fraudar a segurança ou uma coincidência. Além disso, o fato de Gritzbach já ter sido alvo de um atentado anteriormente, em 2023, levanta suspeitas sobre a possibilidade de sua morte ter sido orquestrada. A suspeita é de que seja parte de uma “queima de arquivo”, sobretudo devido ao seu acordo de delação.