A NASA encontrou uma “cidade fantasma” sob a camada de gelo da Groenlândia. Trata-se de uma base militar americana abandonada, construída em plena Guerra Fria, com o objetivo de lançar mísseis nucleares contra a União Soviética.
Durante um voo científico em abril de 2024, uma aeronave Gulfstream III da NASA, equipada com radar especializado, localizou uma antiga instalação militar conhecida como Camp Century. “Estávamos procurando o leito de gelo e de lá aparece Camp Century. Não sabíamos o que era no começo”, contou Chad Greene, cientista da NASA, sobre a surpreendente revelação. As imagens obtidas pela missão foram divulgadas pelo site Space.com.
Camp Century: A “cidade secreta” dos EUA
Construída nos anos 1960, Camp Century era uma base militar usada para abrigar o Projeto Iceworm, um ambicioso plano militar que previa a construção de mais de 4.000 km de túneis subterrâneos sob o gelo da Groenlândia. O objetivo do projeto era criar um sistema de lançamento de mísseis nucleares de alcance intermediário (IRBMs) contra a União Soviética. O projeto foi abandonado em 1967, após enfrentar dificuldades devido à instabilidade do gelo e ao alto custo da operação, mas seus vestígios permanecem escondidos sob o gelo.
O legado da Guerra Fria e os riscos ambientais atuais
Quando Camp Century foi abandonada, a base deixou para trás não apenas estruturas militares, mas também resíduos perigosos, como armas, combustível e esgoto. Com o aquecimento global e o degelo das camadas de gelo, há o risco de que esses materiais sejam expostos novamente, criando sérios problemas ambientais. O governo dos EUA já havia reconhecido esse risco em 2017, comprometendo-se a trabalhar com as autoridades da Dinamarca e da Groenlândia para lidar com as consequências da mudança climática no local.
Impacto climático e futuro das pesquisas sobre o gelo
Além do valor histórico, a descoberta de Camp Century tem implicações importantes para os estudos sobre o impacto da mudança climática. O degelo das camadas de gelo pode acelerar o aumento do nível do mar, afetando diversas regiões do planeta. “Sem dados detalhados sobre a espessura do gelo, não podemos entender como ele reagirá ao aquecimento dos oceanos e da atmosfera”, afirmou Alex Gardner, cientista da NASA. A NASA usará os dados coletados para aprimorar seus estudos sobre o impacto das mudanças climáticas, com o objetivo de prever as taxas de elevação do nível do mar.