A Marinha dos Estados Unidos enfrenta um desafio crítico com o programa dos submarinos da classe Virginia, projetados para substituir os submarinos da classe Los Angeles. Com um orçamento estourado em US$ 17 bilhões e uma produção limitada a duas unidades por ano, a frota atual de 22 submarinos da classe Virginia é insuficiente para atender às crescentes demandas de segurança. Especialistas apontam que, em um cenário de conflito com nações como a China, essa deficiência pode comprometer significativamente a capacidade defensiva dos EUA.
O programa da classe Virginia tem sido alvo de críticas devido a problemas estruturais e administrativos, especialmente relacionados a atrasos na construção e à ineficiência dos estaleiros americanos. Esses desafios não apenas inflaram os custos, mas também impactaram a capacidade de entrega de submarinos, que são vitais para operações em regiões estratégicas, como o Indo-Pacífico.
Além disso, o acordo AUKUS, estabelecido entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, visava fortalecer as capacidades submarinas dessas nações. No entanto, o progresso do pacto tem sido mais lento do que o esperado, com prioridades políticas, como mudanças climáticas, desviando o foco das metas militares estabelecidas.
Embora o custo total do programa da classe Virginia seja elevado, ele ainda é considerado um investimento mais estratégico em comparação ao programa dos porta-aviões da classe Ford, cujo custo total pode ultrapassar US$ 120 bilhões. Os submarinos da classe Virginia, mais furtivos e capazes de operar em ambientes contestados, são vistos como ativos essenciais em potenciais conflitos com adversários que possuem fortes sistemas de defesa, como as capacidades anti-acesso/negação de área (A2/AD) da China.
Para mitigar o déficit, analistas sugerem reativar e modernizar antigos submarinos da classe Los Angeles que foram retirados de serviço. Essa medida temporária poderia aumentar a capacidade da frota enquanto o programa da classe Virginia busca superar seus gargalos de produção.
Outro ponto crucial é a necessidade de reformar a base industrial de defesa dos EUA. Estaleiros antiquados têm sido um dos principais obstáculos para a entrega pontual de submarinos. Especialistas defendem que o Congresso e o Pentágono precisam trabalhar em conjunto para modernizar essa infraestrutura e tornar os processos de aquisição mais eficientes.
A comparação com os porta-aviões da classe Ford também expõe uma diferença significativa no impacto operacional. Enquanto os porta-aviões enfrentam maior vulnerabilidade contra sistemas A2/AD, os submarinos da classe Virginia oferecem maior resiliência e capacidade de projeção de poder, o que os torna uma escolha prioritária em cenários de conflito moderno.
Apesar dos desafios, o programa da classe Virginia ainda é considerado essencial para a estratégia naval americana. A Marinha espera aumentar a produção anual para além das atuais duas unidades, mas, para isso, reformas substanciais serão necessárias, tanto nos estaleiros quanto nos processos administrativos.
A crise dos submarinos da Marinha americana destaca a urgência de ações coordenadas entre governo e setor privado para garantir que os Estados Unidos mantenham sua vantagem estratégica em alto-mar. Sem uma frota submarina robusta e moderna, a capacidade de dissuasão e projeção de poder da Marinha pode ser seriamente comprometida.
Por fim, a resolução desses problemas dependerá de investimentos direcionados, reformas administrativas e uma priorização clara da segurança nacional nos processos de decisão política e orçamentária. A manutenção da superioridade naval dos EUA no século XXI está em jogo.
Com informações de: nationalinterest