A construção da megacidade NEOM, na Arábia Saudita, um dos maiores projetos de investimento do mundo, já deixou marcas irreparáveis. Mais de 21 mil trabalhadores estrangeiros morreram durante as obras desse ambicioso plano futurista, que inclui o arranha-céu The Line, planejado para ter 170 quilômetros de extensão.
O documentário “Kingdom Uncovered: Inside Saudi Arabia”, do Channel 3, Reino Unido, revelou as terríveis condições de trabalho enfrentadas pelos trabalhadores para realizar o sonho do investimento bilionário saudita. Muitos deles, vindos de países como Bangladesh, Índia e Nepal, relatam uma realidade que se assemelha à escravidão moderna.
Megacidade NEOM: os bastidores sombrios do investimento bilionário na construção que chocam o mundo
Esse investimento bilionário, que visa diversificar a economia saudita, engloba projetos monumentais, incluindo a cidade linear The Line, que faz parte de NEOM. Este projeto, com 500 metros de altura e cerca de 2,4 quilômetros de extensão, tem atraído atenção mundial. No entanto, denúncias sobre jornadas de trabalho de até 16 horas e condições precárias para os 140 mil trabalhadores migrantes colocaram o projeto sob intensa crítica internacional.
A polêmica também alcançou NEOM, que afirmou estar investigando as alegações. A empresa destacou que exige que todos os contratados sigam o Código de Conduta baseado nas leis sauditas e em políticas da Organização Internacional do Trabalho, com inspeções regulares para verificar as condições dos trabalhadores.
Para realizar investimento ambicioso saudita, trabalhadores foram obrigados a jornadas de até 16 horas diárias, sem descanso por duas semanas consecutivas, enfrentando ansiedade extrema e exaustão física constante.
“Nos tratam como mendigos”, desabafou um trabalhador em anonimato.
Além das mortes, o impacto social e cultural da construção de NEOM é devastador
Apesar das denúncias, os responsáveis pelo investimento no projeto afirmaram ao The Guardian que estão avaliando as alegações e tomando medidas para garantir o cumprimento de seu código de conduta. Alegam que as empresas contratadas devem seguir as leis trabalhistas sauditas. Porém, essas respostas não aliviam as críticas à Arábia Saudita, cujo histórico de direitos humanos é amplamente questionado.
Além das mortes, o impacto social e cultural da construção de NEOM é devastador. Milhares de indígenas foram forçados a abandonar suas terras para abrir espaço para The Line. Segundo a BBC, membros da tribo Huwaitat que resistiram à remoção foram ameaçados de morte, evidenciando um padrão de violência e repressão.
O governo saudita rebateu as acusações. Segundo o Conselho Nacional para Segurança e Saúde Ocupacional, o país registra um índice de 1,12 mortes por 100 mil trabalhadores, considerado um dos mais baixos globalmente. Ainda assim, as acusações levantadas pelo documentário nesse ambicioso investimento, geraram grande repercussão e questionamentos sobre a veracidade desses dados.
Investimento da Jeddah Tower: o prédio mais alto do mundo com 1 quilômetro de altura
Enquanto isso, outro projeto monumental também está em destaque. A Jeddah Tower, planejada para ser o prédio mais alto do mundo com 1 quilômetro de altura, deve retomar sua construção em 2025, com conclusão esperada para 2028. O arranha-céu ultrapassaria o Burj Khalifa, de 828 metros, em Dubai.
A obra, iniciada em 2013, passou por longas pausas, incluindo a purga anticorrupção de 2017 e a pandemia em 2020. Mesmo com a construção parada, o edifício já alcançou 300 metros de altura, qualificando-se como um supertall. A retomada reforça a aposta da Arábia Saudita em projetos grandiosos como pilares do seu investimento em infraestrutura.
Copa do Mundo 2034: um estádio futurista em NEOM e o alto preço humano por trás do plano ambicioso da Arábia Saudita
A ambição e o investimento saudita vai além. O país pretende sediar a Copa do Mundo em 2034, com planos de construir um estádio no topo de uma montanha, a 350 metros de altura, em NEOM. Porém, a grandiosidade do projeto levanta questões sobre os custos humanos e sociais que ele representa.
Organizações de direitos humanos, como a ALQST, denunciam o impacto das obras em grandes relatórios, como “The Dark Side of Neom”. Estima-se que mais de meio milhão de pessoas já foram afetadas por despejos e demolições em larga escala.
Esses investimentos bilionários em projetos, embora impressionantes, continuam cercados de controvérsias. As acusações sobre condições de trabalho, desalojamentos e uso de força ameaçam a reputação do plano Saudi Vision 2030. No entanto, a Arábia Saudita segue firme, buscando consolidar-se como um centro global de inovação e construção.