Viajando para participar da Cúpula do G20 na semana passada no Rio de Janeiro, Brasil, o presidente francês Emmanuel Macron estendeu sua viagem pela América do Sul e também visitou a Argentina e o Chile, onde promoveu as exportações de equipamentos militares de fabricação francesa, potencialmente avaliados em mais de US$ 4 bilhões, cerca de R$ 23,24 bilhões. O diário francês La Tribune anunciou, antes da partida de Macron, que mesmo tendo como propósito oficial da viagem participar da Cúpula do G20 e reforçar os laços e a colaboração com o Brasil, a Argentina e o Chile, o objetivo “oculto” do mandatário francês era bem outro.
Macron voou primeiro diretamente para a Argentina, onde se reuniu com o presidente Javier Milei entre 16 e 17 de novembro. Fontes militares locais, falando sob condição de anonimato ao jornalista José Higuera, correspondente para a América Latina do Defense News, descreveram as deliberações internas. Eles disseram ao Defense News que Macron prometeu seu apoio aos planos da Argentina de adquirir três embarcações Scorpènes, avaliadas em US$ 1,5 bilhão.
Sendo os principais parceiros comerciais da França na América do Sul – Brasil, a Argentina e o Chile – a agenda de Macron também incluía sua defesa das vendas de submarinos Scorpènes do tipo diesel-elétricos desenvolvidos pelo construtor naval francês Naval Group.
Javier Milei, desesperado, precisa de Macron
A Marinha argentina precisa desesperadamente dos barcos, já que sua Força Naval não tem submarinos totalmente operacionais, enviando seus submarinistas ao Peru para treinamento e manutenção da proficiência e operacionalidade.
De acordo com fontes locais, o ministro da Defesa argentino, Luis Petri, assinou uma carta de intenções para a compra durante uma visita a Paris em outubro, dando início às negociações sobre os detalhes.
Enquanto isso, o governo de Milei pediu autorização ao parlamento, dentro da lei orçamentária para 2025, para tomar um empréstimo plurianual de US$ 2,31 bilhões. Esse valor pretende incluir tanto o preço de aquisição dos três submarinos quanto um serviço de dívida de US$ 800 milhões, aproximadamente 55% do valor das embarcações.
Macron e Lula, uma amizade de 10 bilhões
Depois de Buenos Aires, Macron voou para o Rio de Janeiro, no Brasil, para a Cúpula do G20, onde se encontrou com o anfitrião, o presidente Inácio “Lula” da Silva, para discutir um possível pedido subsequente de dois submarinos Scorpènes.
Sob um acordo de US$ 10 bilhões firmado em 2009, o Brasil encomendou quatro submarinos do mesmo tipo, um acordo que está próximo de entregar todos os barco. O contrato inclui disposições de transferência de tecnologia, o que deve permitir ao país construir componentes domesticamente.
As embarcações do tipo submarinos Scorpènes do Brasil são construídos localmente pela Itaguaí Construções Navais, de propriedade conjunta do Governo brasileiro por meio da Emgepron (59%) e do Naval Group (41%), incluindo um número substancial de componentes importados da França.
Por fim, entre 20 e 21 de novembro, Macron também visitou o Chile, que foi o primeiro cliente exportador dos submarinos Scorpènes, com um pedido de duas unidades em 1998. O Chile deve lançar uma licitação em 2026, potencialmente avaliada em US$ 1 bilhão, com o objetivo de substituir submarinos mais antigos, construídos na Alemanha.
Conheça os submarinos Scorpènes
Os submarinos da classe Scorpène são submarinos de ataque convencionais, desenvolvidos em conjunto pela Naval Group da França e pela empresa espanhola Navantia. Essa classe de submarinos é projetada para uma variedade de missões, incluindo guerra anti-superfície, guerra anti-submarina, operações especiais e coleta de inteligência. Aqui estão os principais pontos sobre os submarinos Scorpène:
- Tipo: submarino de ataque diesel-elétrico.
- Deslocamento: aproximadamente 2.000 toneladas.
- Comprimento: variantes como o Scorpène 2000 têm cerca de 61,7 metros, enquanto a versão adaptada para o Brasil (S-BR) é ligeiramente maior, com 70,62 metros.
- Propulsão: diesel-elétrico com um sistema de propulsão independente de ar (AIP), permitindo que permaneçam submersos por longos períodos.
Armamento
- Torpedos: equipados com 6 tubos de torpedo de 533 mm, podendo levar até 18 torpedos e mísseis anti-navio (como o Exocet SM39).
- Minas: capacidade para carregar até 30 minas.
Operadores
Os submarinos Scorpènes estão em operação em várias marinhas ao redor do mundo, incluindo:
- Brasil: o Brasil encomendou quatro submarinos Scorpène como parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), com o primeiro, Riachuelo, comissionado em setembro de 2022.
- Índia: a Marinha Indiana opera seis submarinos da classe Kalvari, que são variantes do Scorpène.
- Malásia e Chile: cada um possui dois submarinos dessa classe.
Tecnologia e inovação
Os submarinos Scorpènes são conhecidos por sua furtividade e capacidade de operar em águas rasas e profundas. A Naval Group tem investido em tecnologia avançada para garantir que esses submarinos sejam altamente eficientes e adaptáveis às necessidades das marinhas modernas.
O sistema de combate SUBTICS é um exemplo da tecnologia embarcada que melhora a eficácia operacional dos Scorpènes. Os submarinos da classe Scorpène representam uma solução moderna e versátil para as necessidades das marinhas contemporâneas, combinando tecnologia avançada com um design adaptável que atende a uma variedade de missões navais.