A substituição das tradicionais luminárias japonesas por postes de LED na Rua dos Aflitos, no bairro da Liberdade, em São Paulo, gerou um intenso debate nas redes sociais.
A mudança, promovida pela prefeitura, atendeu a pedidos de entidades do movimento negro. O objetivo seria integrar um projeto de valorização da memória afro-brasileira, mas acabou provocando críticas e acusações de apagamento cultural, principalmente nas redes sociais. Internautas chegaram a afirmar que a atitude de destruir as famosas luminárias japonesas, apagaria parte da memória do Japão da rua. Assim, os internautas enxergam o fato como um caso claro de racismo contra o povo japonês, ou nipofobia.
Rua dos Aflitos: história e controvérsia
Localizada no coração da Liberdade, a Rua dos Aflitos abriga a histórica Capela dos Aflitos. A capela foi construída em 1779 sobre um antigo cemitério destinado a escravizados, indígenas e indigentes. O local, que permaneceu por séculos como um espaço de memória esquecida, ganhou atenção em 2018, quando escavações revelaram ossadas datadas entre 1775 e 1858. A descoberta trouxe a tona e colocou em pauta o legado da escravidão no Brasil.
Reconhecida como patrimônio tombado desde 1978, a Capela dos Aflitos está em processo de transformação para abrigar o Memorial dos Aflitos. Portanto, a substituição das luminárias japonesas, conhecidas como Suzuranto, por postes de LED, foi justificada pela prefeitura como parte de um esforço para equilibrar as camadas culturais do bairro. O objetivo seria sobretudo dar maior visibilidade à história afro-brasileira.
Reações nas redes sociais
A decisão de substituir as luminárias japonesas tradicionais da rua gerou um intenso debate nas redes sociais. Usuários criticaram a medida, acusando a prefeitura de sucumbir à pressão do movimento negro. Além disso, há acusações de que a prefeitura esteja promovendo o que consideram um apagamento cultural da comunidade japonesa.
“Isso é um ataque à cultura japonesa que sempre foi símbolo do bairro da Liberdade. Quem ganha com essa divisão?”, questionou um internauta no X (antigo Twitter).
Outros defenderam a mudança, argumentando que a Rua dos Aflitos é um espaço singular. Assim, possui um significado histórico que vai além da tradição japonesa predominante no bairro.
“Finalmente a história negra está sendo reconhecida! Isso não apaga nada, apenas inclui quem sempre foi ignorado”, rebateu outro usuário.
A prefeitura defendeu a decisão em nota oficial, destacando que a mudança foi feita em consenso com associações locais. Além disso, observou que a ação visa preservar a pluralidade cultural do bairro:
De acordo com a prefeitura, “a troca das luminárias japonesas foi realizada com o objetivo de respeitar as diversas heranças culturais presentes na região, sem apagar nenhuma delas.”