Tropas ucranianas atacaram pela primeira vez soldados norte-coreanos no território russo de Kursk, em um episódio que revela uma nova e delicada fase do conflito entre Ucrânia e Rússia. As informações foram confirmadas por Andrii Kovalenko, chefe do Centro Ucraniano de Combate à Desinformação, e pelo ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov. Ambos destacaram que os norte-coreanos estavam integrados a unidades do exército russo, utilizando uniformes do país.
De acordo com Kovalenko, a primeira investida ocorreu após um trabalho de reconhecimento das posições inimigas, seguido de um ataque de artilharia. O objetivo era neutralizar um ponto onde estavam localizados soldados russos e norte-coreanos. A Ucrânia acredita que essas forças estrangeiras estão sendo treinadas sob condições reais de combate para reforçar a presença militar da Rússia na região.
O ataque, descrito como um “engajamento comum de combate” pelo oficial ucraniano, abriu precedentes para confrontos frequentes. Desde então, batalhas diárias têm sido relatadas nos arredores de Sudzha, cidade controlada pela Ucrânia e que se tornou um dos principais pontos da contraofensiva na região. “Claro, os bombardeios acontecem diariamente”, disse Kovalenko.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, afirmou recentemente que as forças norte-coreanas já sofreram baixas significativas em Kursk. Segundo estimativas ucranianas, aproximadamente 11 mil soldados norte-coreanos foram enviados à região. Kovalenko ressaltou que os combatentes recebem apenas algumas semanas de treinamento antes de serem enviados às linhas de frente, representando uma ameaça significativa que demanda recursos adicionais das forças ucranianas.
Além do combate direto, a Ucrânia também está preocupada com o treinamento em drones fornecido aos soldados norte-coreanos. Kovalenko alertou que, uma vez retornando ao seu país de origem, esses militares poderão aplicar os conhecimentos adquiridos em operações de vigilância e ataques nas áreas fronteiriças com a Coreia do Sul. Ele classificou essa capacitação como um “risco futuro” para a estabilidade da região asiática.
Informações da inteligência ucraniana indicam que os norte-coreanos estão sendo equipados com uma ampla gama de armamentos fornecidos pela Rússia, incluindo morteiros, rifles, metralhadoras e mísseis antitanque. O envio dessas armas faz parte de uma aliança estratégica entre Moscou e Pyongyang, que tem sido descrita como mutuamente vantajosa, mas com desafios operacionais significativos.
Entre esses desafios, especialistas destacam barreiras linguísticas, tensões raciais entre os soldados russos e norte-coreanos, e a presença de oficiais norte-coreanos encarregados de supervisionar suas tropas para evitar deserções. Relatos também sugerem desorganização inicial na integração das tropas estrangeiras às forças russas, expondo dificuldades logísticas na coordenação entre os dois exércitos.
Em uma gravação de áudio supostamente interceptada pela Ucrânia, soldados russos discutiram a chegada iminente de tropas norte-coreanas. A conversa, segundo os serviços de inteligência ucranianos, reforça a percepção de um início caótico e pouco estruturado para a colaboração entre Moscou e Pyongyang no campo de batalha.
Enquanto a aliança entre Rússia e Coreia do Norte parece se consolidar, a inclusão de soldados norte-coreanos no conflito aumenta a complexidade e as implicações geopolíticas da guerra. A Ucrânia continua a monitorar a situação e responder militarmente, intensificando sua campanha para manter o controle em áreas estratégicas e conter o avanço das forças adversárias.
Com informações de: Businessinsider