Infraestrutura energética sob ataque constante: desafios para o exército ucraniano
Os números refletem a gravidade da situação. De acordo com a maior fornecedora privada de energia da Ucrânia, suas instalações foram atacadas mais de 190 vezes desde o início do conflito. Em um único ataque no final de novembro de 2024, a Rússia lançou mais de 90 mísseis e 100 drones, deixando mais de 1 milhão de ucranianos sem eletricidade em temperaturas congelantes. Regiões como Lviv e Kherson sofreram cortes severos, e as equipes de reparo enfrentam desafios significativos devido às baixas temperaturas e à persistência dos ataques.
A destruição de redes elétricas, sistemas de aquecimento e fornecimento de água potável transforma o cotidiano em um verdadeiro pesadelo. Sem eletricidade, famílias não conseguem aquecer suas casas, cozinhar ou manter hospitais funcionando adequadamente. Esses ataques são classificados como crimes de guerra sob o direito internacional humanitário, pois têm como alvo a infraestrutura essencial para a sobrevivência de civis, algo explicitamente proibido pelas Convenções de Genebra.
O rigor do inverno amplifica a crise humanitária
Com a chegada do inverno rigoroso, as temperaturas frequentemente abaixo de zero tornam a vida na Ucrânia ainda mais difícil. Muitas cidades já registram neve e quedas acentuadas de temperatura, agravando o sofrimento da população civil. Hospitais dependem de geradores de emergência, enquanto escolas e residências lidam com apagões constantes.
Além disso, a crise energética afeta diretamente a economia ucraniana, aumentando o custo de vida e dificultando ainda mais a recuperação do país. Em resposta, o governo da Ucrânia tem contado com o apoio da União Europeia e dos Estados Unidos, que já investiram centenas de milhões de euros em reparações e equipamentos emergenciais.
A introdução do míssil Oreshnik: um novo desafio para o exército ucraniano
A escalada dos ataques russos inclui o uso do novo míssil hipersônico Oreshnik, testado pela primeira vez contra a cidade de Dnipro. Segundo Vladimir Putin, esse armamento é “impossível de ser interceptado”, com uma velocidade superior a 13.600 km/h e um impacto cinético comparado ao de um meteoro. Embora especialistas ocidentais questionem a suposta invulnerabilidade do míssil, ele representa uma ameaça significativa devido à sua precisão e capacidade de atingir alvos estratégicos.
Reações internacionais e implicações geopolíticas
Os recentes ataques intensificaram a condenação internacional. O presidente dos EUA, Joe Biden, classificou os bombardeios como “indesculpáveis”, enquanto a União Europeia e a OTAN reforçaram seu apoio militar e econômico à Ucrânia. A introdução de armamentos mais sofisticados, como os mísseis Oreshnik, destaca o esforço russo para prolongar o conflito e aumentar as tensões com o Ocidente.
Além disso, Putin tem usado a guerra para justificar sua narrativa de que o Ocidente está diretamente envolvido no conflito, especialmente após o uso de mísseis de longo alcance fornecidos à Ucrânia. Essa retórica também serve para mobilizar apoio interno na Rússia, enquanto tenta moldar o discurso geopolítico global.
Uma guerra prolongada e incerta
O futuro do conflito na Ucrânia permanece incerto. A estratégia russa de atacar a infraestrutura energética, combinada com a introdução de novas armas, reflete a disposição de Moscou para prolongar a guerra a qualquer custo. Por outro lado, a resistência ucraniana, apoiada por uma coalizão ocidental cada vez mais robusta, continua a desafiar as tentativas de desestabilização.
Com o inverno adicionando uma nova camada de complexidade ao conflito, os próximos meses serão decisivos. A comunidade internacional enfrenta o desafio de equilibrar o apoio à Ucrânia com os esforços para evitar uma escalada ainda mais devastadora, enquanto milhões de ucranianos lutam para sobreviver em meio a uma das crises humanitárias mais graves da história recente.