Este caça não foi apenas uma máquina de guerra, mas uma verdadeira lenda na história da aviação militar e da defesa da Marinha dos EUA. Mas, qual foi o motivo por trás da decisão dos Estados Unidos de destruir todos os seus F-14 após sua aposentadoria? Voltando ao auge da Guerra Fria, na década de 50 até o início dos anos 60, a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética estava no seu ápice.
A crescente ameaça representada pelos bombardeiros soviéticos equipados com mísseis antinavio exigiu uma resposta robusta. Os Estados Unidos, buscando proteger seus grupos de batalha de porta-aviões – verdadeiras joias da coroa de sua estratégia militar – precisavam de um interceptador com capacidades avançadas de longo alcance.
Caça que redefiniu a capacidade de defesa aérea americana
Após o fracasso do projeto Douglas F6D e os desafios enfrentados pelo F-111, a Marinha dos EUA impulsionou o programa VFX, culminando no desenvolvimento do F-14 pela Grumman em 1969. Este caça, dotado de asas de geometria variável e capaz de atingir a impressionante velocidade de Mach 2.2, representou um avanço significativo na capacidade de defesa aérea americana.
Avanços tecnológicos do F-14: precisão e superioridade aérea
Equipado com o radar AN/AWG-9 e os mísseis AIM-54 Phoenix, o F-14 tinha a capacidade única de rastrear até 24 alvos simultaneamente, podendo atacar seis deles a uma distância de até 200 km. Inicialmente movido pelos motores TF30, o F-14 passou por várias atualizações, culminando nas versões F-14B e F-14D com motores GE F110, que ofereciam maior potência e confiabilidade. Essas melhorias permitiram ao F-14 expandir suas missões para incluir ataques de precisão, usando bombas guiadas por laser e operando em condições noturnas.
Desde sua introdução em 1974, o F-14 desempenhou papéis cruciais em diversos conflitos, desde confrontos no Golfo de Sidra até missões nas Guerras do Golfo e no Afeganistão. Além de sua superioridade aérea, o Tomcat também se destacou em missões de reconhecimento, graças ao sistema TARPS, que permitia a coleta de imagens detalhadas do campo de batalha a longas distâncias.
Aposentadoria do F-14 e a influência da geopolítica na decisão dos EUA
Em 2006, após mais de 30 anos de operações, o último F-14 foi oficialmente aposentado. A decisão dos Estados Unidos de destruir todos os F-14 restantes está diretamente ligada à geopolítica e à segurança nacional. Nos anos 1970, o Irã, sob o regime do xá Mohammad Reza Pahlavi, adquiriu 80 unidades do F-14, tornando-se o único operador além dos EUA.
Com a Revolução Iraniana de 1979 e a ascensão do regime islâmico, as relações entre os países se deterioraram, mas o Irã manteve sua frota de F-14 ativa, utilizando-a extensivamente durante a guerra contra o Iraque na década de 1980.
EUA destruíram F-14 para impedir reforço militar do Irã
Nos anos 2000, com a aposentadoria do F-14 pela Marinha dos EUA, surgiu uma preocupação crescente de que peças de reposição pudessem ser adquiridas pelo Irã, prolongando a vida útil de sua frota. Investigações revelaram que agentes iranianos estavam explorando brechas em leilões de excedentes militares nos EUA para adquirir componentes do F-14.
Como resposta, o Pentágono tomou uma medida drástica: destruir os caças restantes. Em 2007, uma empresa foi contratada para desmontar os F-14, triturando-os em pedaços de 60 cm para garantir que nenhuma tecnologia sensível pudesse ser reutilizada ou exportada.