A guerra entre Ucrânia de Zelensky e Rússia entrou em uma nova fase no milésimo dia de conflito. Pela primeira vez, Kiev usou mísseis ATACMS de fabricação americana para atacar uma instalação militar em Bryansk. Esse ataque ocorreu logo após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizar o uso dos mísseis de longo alcance. A decisão de Biden marca uma mudança estratégica importante e fortalece a capacidade ofensiva da Ucrânia contra a Rússia.
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Ação militar da Ucrânia e a resposta da Rússia
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que a Ucrânia lançou seis mísseis balísticos às 3h25, horário local. As defesas aéreas russas interceptaram cinco desses mísseis, mas, no entanto, um fragmento atingiu uma instalação militar em Bryansk.
Esse impacto causou um incêndio, o qual foi rapidamente controlado pelas equipes de emergência. Felizmente, não houve vítimas nem danos significativos, o que demonstra a eficácia parcial das defesas russas, apesar do ataque bem-sucedido.
Em uma coletiva de imprensa, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky evitou confirmar ou negar diretamente o uso dos mísseis ATACMS. No entanto, ele enfatizou: “A Ucrânia tem capacidades de longo alcance. Agora, além de drones e mísseis de cruzeiro como o Neptune, temos também os ATACMS. Usaremos tudo isso.”
Zelensky afirmou ainda que a Ucrânia continuará a expandir suas capacidades militares, destacando que o país não hesitará em utilizar todos os recursos recém-adquiridos para fortalecer sua posição no conflito.
A Rússia reage com ameaças nucleares
Após o ataque ucraniano, a Rússia atualizou sua doutrina nuclear, considerando agora qualquer ataque de um país não nuclear, mas com apoio de uma nação nuclear, como uma agressão conjunta. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, classificou o lançamento de mísseis ATACMS como uma “nova fase de guerra”. Ele acusou o Ocidente de intensificar o conflito com essa medida.
O Pentágono, por outro lado, reagiu dizendo que não há indícios de que a Rússia esteja se preparando para utilizar armas nucleares na Ucrânia. Sabrina Singh, vice-secretária de imprensa do Pentágono, afirmou que a retórica de Putin não é uma novidade e não deve ser considerada uma ameaça real.
O papel de Biden com aliados e o impacto estratégico
A decisão de Biden de autorizar o uso de mísseis ATACMS foi estratégica, mas causou divisões entre os aliados da Ucrânia. Durante a cúpula do G20 no Brasil, o chanceler alemão Olaf Scholz se opôs ao envio de mísseis Taurus para Kiev, alegando que isso poderia intensificar ainda mais a guerra. Ele sugeriu que essa medida poderia gerar consequências imprevisíveis para a Ucrânia e o Ocidente.
Os Estados Unidos continuam a fornecer apoio substancial à Ucrânia, o que coloca a Rússia em uma posição cada vez mais isolada. No entanto, enquanto a guerra se intensifica, a Rússia intensifica os ataques a infraestruturas ucranianas. Moscou foca em desabilitar a rede elétrica da Ucrânia e forçar sua população a enfrentar temperaturas congelantes.
Essa é uma tentativa de desgastar a resistência ucraniana no terceiro inverno consecutivo de conflito.
Zelensky e a estratégia dos mísseis ATACMS
Zelensky tem repetido que as capacidades de longo alcance são essenciais para a vitória da Ucrânia. Após a autorização para o uso de mísseis ATACMS, ele afirmou: “Ataques não são realizados com palavras. Mísseis falarão por si mesmos.” Essa frase reflete o compromisso de Kiev em usar todo o poder militar disponível para pressionar a Rússia e tentar alcançar a vitória.
Nos últimos dois anos e meio de guerra, a Ucrânia utilizou drones de fabricação própria para atingir alvos russos, principalmente em áreas mais profundas da Rússia. Agora, com o uso de mísseis ATACMS, Kiev demonstra um novo nível de ofensiva, ampliando as possibilidades de ataque e pressionando a Rússia em novos frentes.
O impacto global da escalada militar
O cenário geopolítico se complica ainda mais com a participação de tropas norte-coreanas ao lado das forças russas na região de Kursk. Essa movimentação, por sua vez, foi vista por autoridades dos EUA como uma “grande escalada”, já que a Rússia agora se alia a potências asiáticas para enfrentar a Ucrânia e seus aliados ocidentais.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, ressaltou que a presença de tropas norte-coreanas adiciona uma nova dimensão ao conflito, ampliando seu alcance para além da Europa e tornando a situação ainda mais tensa.
O uso de mísseis ATACMS pela Ucrânia, autorizado por Biden, representa uma mudança decisiva no conflito. À medida que a guerra se intensifica, a Rússia pode ser forçada a responder de forma mais agressiva, prolongando o conflito ainda mais.
Em resposta, a Ucrânia continuará a receber apoio militar ocidental, o que, inevitavelmente, poderá acelerar a evolução do cenário e pressionar a Rússia de maneira mais eficaz. Dessa forma, a escalada do conflito pode atingir novos patamares, com ambos os lados intensificando suas estratégias para garantir vantagens.