Um cenário inusitado, cheirando a sabotagem, chamou atenção no Mar Báltico.
Investigadores europeus acreditam que o navio comercial chinês Yi Peng 3 tenha deliberadamente arrastado sua âncora por aproximadamente 160 quilômetros. De acordo com os investigadores, o objetivo do navio seria cortar cabos submarinos vitais para telecomunicações entre países nórdicos e europeus.
O incidente, descrito como “altamente improvável de ser acidental”, de acordo com especialistas, gerou suspeitas de uma possível operação de sabotagem. A operação teria sido inclusive coordenada pela inteligência russa. O navio partiu do porto russo de Ust-Luga dias antes do ocorrido, o que reforça as teorias de um vínculo entre Moscou e a ação criminosa.
Detalhes da operação: cabos danificados e manobras suspeitas
De acordo com relatos dos investigadores, o Yi Peng 3, com 225 metros de comprimento e 32 metros de largura, cortou dois cabos submarinos. O primeiro conecta Suécia e Lituânia. Já o segundo, liga Alemanha e Finlândia.
Durante o trajeto, o transponder do navio foi desligado, configurando que a embarcação desejava ocultar seus movimentos. De acordo com dados de satélite, a velocidade do navio diminuiu drasticamente enquanto a âncora permanecia arrastando-se pelo fundo do mar. Trata-se de um comportamento difícil de ser atribuído a um acidente, dadas as condições climáticas favoráveis.
Após percorrer 178 quilômetros e cortar o segundo cabo, o navio realizou manobras de zigue-zague, antes de levantar âncora e continuar sua rota.
Resposta europeia à suspeita de sabotagem
O incidente não passou despercebido pelas forças navais europeias. Navios da Marinha dinamarquesa perseguiram e interceptaram o Yi Peng 3, forçando-o a ancorar no Estreito de Kattegat. A tripulação, incluindo um cidadão russo, ainda não foi formalmente interrogada. No entanto, os proprietários do navio estariam cooperando com as autoridades.
Para aprofundar as investigações, um grupo formado por Lituânia, Finlândia e Suécia recebeu a missão de apurar as causas e consequências do rompimento dos cabos no Báltico.
A sabotagem dos cabos trouxe consequências significativas para as comunicações na região. Em 18 de novembro, a operadora sueca Telia Lietuva confirmou danos ao cabo entre Suécia e Lituânia. Ao mesmo tempo a finlandesa Cinia relatou problemas no cabo ligando Helsinque a Rostock, na Alemanha.
Além dos impactos imediatos, o incidente acentuou o clima de tensão entre Europa e Ásia. Oficiais de inteligência ocidentais acreditam que o governo chinês não esteja diretamente envolvido. No entanto, apontam para a possível influência da inteligência russa no evento.