A situação em Gaza, já devastada por anos de conflito, testemunhou recentemente um dos episódios mais alarmantes de sua crise humanitária.
No último sábado, 109 caminhões de ajuda humanitária, repletos de alimentos e suprimentos essenciais para os palestinos, foram alvo de saques enquanto transitavam pelo sul da Faixa de Gaza. A Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), que coordenava a entrega desses recursos vitais, denunciou o incidente como um dos piores de sua história recente.
Do total de caminhões, 97 se perderam totalmente para os saqueadores. Ao mesmo tempo, motoristas e agentes humanitários receberam ordens de descarregar os veículos, sob ameaça de armas. No processo, muitos se feriram.
Embora a agência tenha destacado o roubo violento, a ONU se negou a apontar responsáveis. No entanto, chamou atenção para o “colapso da lei e da ordem” na região, além de criticar a ineficácia das autoridades israelenses em garantir a segurança dos comboios humanitários.
O colapso da Lei e da Ordem em Gaza
A UNRWA foi clara em seu comunicado ao apontar que a violência contra os comboios de ajuda é apenas uma evidência de um ambiente cada vez mais caótico em Gaza. Em sua declaração, o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, ressaltou que, nos últimos meses, as operações humanitárias se tornaram “intransponíveis”.
Ainda, a agência das Nações Unidas mencionou especificamente a responsabilidade das autoridades israelenses pela segurança das entregas. Para a UNRWA, a falha em proteger esses comboios é uma violação das obrigações legais de Israel, conforme os princípios do direito internacional humanitário. No entanto, a agência se negou a apontar o Hamas como responsável.
Quem afinal são os responsáveis pelos saques?
Embora a UNRWA tenha evitado apontar diretamente culpados pelos saques, fontes locais e agências de notícias sugerem que as forças de segurança palestinas, nomeadamente o Hamas, são os verdadeiros responsáveis pelo episódio. No entanto, a coalizão de grupos palestinos, incluindo o Hamas, condenou os saques, chamando os responsáveis de “ladrões criminosos”. Além disso, alertaram para o impacto negativo que tais ações têm sobre a segurança e a estabilidade interna de Gaza.
A escassez de alimentos em Gaza, já uma realidade alarmante, está sendo amplificada pelos ataques aos comboios humanitários. De acordo com a UNRWA, a falta de farinha na região é tão grave que as padarias que dependem de suprimentos internacionais operam com capacidade reduzida. Isso prejudica cada vez mais a população que depende desses alimentos básicos. De acordo com relatórios das agências de ajuda, a situação alimentar em Gaza está prestes a se tornar ainda mais crítica sem uma intervenção imediata e eficaz para garantir o transporte e a distribuição de alimentos. A ONU também alertou sobre a iminente escassez de remédios e outros suprimentos médicos essenciais, que agravam o sofrimento da população civil.