Apesar de divulgarem índices de confiança e status elevados, como o percentual de apoio, as Forças Armadas brasileiras enfrentam, diariamente, uma onda crescente de críticas nas redes sociais. A percepção pública, especialmente no ambiente virtual, revela uma postura bastante dura por parte da sociedade, que parece não só questionar o papel atual e a atuação dos militares, como também não demonstra empatia frente à possibilidade da imposição restrições orçamentárias que têm sido mencionadas pelo governo.
Caso os cortes sejam concretizados, o impacto – pelo que se percebe – será particularmente sentido pelos militares da base e pensionistas, os quais, com salários mais modestos, poderão enfrentar dificuldades financeiras.
A falta de apoio popular em favor das Forças Armadas
A situação atualmente percebida nas redes sociais, que normalmente espelham aquilo que sente-se no “mundo físico”, marcada pela falta de apoio popular, surge como uma das primeiras consequências das polêmicas envolvendo as Forças Armadas e a transição governamental de 2022. Os ataques diretos contra as Instituições Militares, com frequentes menções aos nomes dos comandantes, como o do General de Exército Tomás Miguel Miné, não poupam palavras duras como traição e perfídia.
Esse cenário, muito complicado, levanta questionamentos sobre como essa perda de respaldo público pode, na prática, abrir espaço para que setores do governo avancem com cortes nos salários e no orçamento destinados aos militares.
O contexto da perda de apoio e críticas nas redes
Nas últimas décadas, as Forças Armadas brasileiras desfrutaram durante bastante tempo de um status elevado junto à população. Instituições como o Exército, a Marinha e a Aeronáutica eram vistas como pilares de disciplina e organização, sendo consideradas a última possibilidade de socorro em caso de rompantes de autoritarismo por parte de governantes. Principalmente por esse motivo, as redes sociais das Forças Armadas brasileiras cresceram muito e hoje possuem milhões de seguidores.
Entretanto, nos últimos anos, uma série de eventos políticos e sociais alterou radicalmente a percepção pública. A crise de confiança é evidente e atingiu, principalmente, os altos comandos das Forças Armadas, que, segundo parte da população, teria tomado decisões que contrariam os interesses e valores tradicionais da instituição.
As redes sociais se tornaram o palco principal dessas críticas, onde milhares de usuários manifestam abertamente sua decepção e até revolta com a atuação das Forças Armadas. Termos como “traição”, “perfídia” e “abandono” têm sido usados para descrever a postura dos militares em relação ao povo brasileiro. A sensação de que a instituição se distanciou de sua base de apoio tem alimentado sentimentos negativos, que variam entre a frustração e o desprezo.
O discurso predominante nas redes sociais sugere que, para muitos, as Forças Armadas deixaram de representar uma instituição confiável. Essa mudança de percepção tem levado alguns setores da sociedade a defenderem que cortes de gastos são uma forma de “punição” ou “justiça” frente ao que consideram uma “traição” da instituição ao seu papel de defesa dos interesses populares.
A indiferença em relação às dificuldades dos militares da base, como sargentos, cabos e soldados
Desejo de Retaliação
Muitos comentários demonstram um desejo de punição aos militares, como cortes de salários, perda de benefícios, ou mesmo que “se explodam”. A ideia de que merecem “1000x mais cortes” ou que devem ser deixados em uma situação semelhante à Venezuela reforça o desejo de retaliação. Esse sentimento indica que parte da sociedade vê os cortes orçamentários como uma espécie de justiça ou consequência pelas ações dos militares.
Indignação e Acusação de Traição
Vários comentários acusam os militares de traírem a população ou suas bases. A utilização de palavras fortes, como “traíras”, “abandonados” e “melancias” (referindo-se à ideologia percebida como dupla dos comandantes) revela um sentimento de indignação e uma sensação de traição. Há uma crítica ao que é visto como aliança dos militares com forças políticas adversárias, que, segundo os comentários, contradiz o papel esperado da instituição.
Perda de Confiança e Descrença
A perda de confiança na instituição é evidente. Comentários como “Colhendo o que plantaram… vcs vão penar nas mãos desse governo” e “Agora quem apoiará os comandantes?” mostram uma descrença na capacidade dos militares de se redimir ou reconquistar a confiança do povo. Muitos sentem que o Exército abandonou seus ideais e seus apoiadores, e essa desconfiança tende a agravar o sentimento de rejeição.
A base e o arroxo salarial
Em meio a essa complexa teia de sentimentos e percepções, os militares da base são as principais vítimas, os mais afetados pela situação atual caso de fato o governo imponha um arroxo salarial. Esses homens e mulheres, que compõem a maior parte da estrutura das Forças Armadas, vivem com salários relativamente baixos, principalmente em comparação com os altos oficiais e com forças de segurança pública. A perspectiva de cortes orçamentários preocupa, pois indica que benefícios essenciais e até o orçamento para a saúde poderão ser reduzidos ou eliminados, comprometendo a qualidade de vida dos soldados.
A indiferença da sociedade brasileira em relação a essas dificuldades indica uma mudança de postura que pode ser prejudicial e acabar endossando a pretensão de setores do governo de restringir o orçamento para o Ministério da Defesa. Comentários nas redes sociais revelam que muitos brasileiros acreditam que os cortes são justificados ou até merecidos. Essa visão é baseada na ideia de que as Forças Armadas deixaram de atender às expectativas populares e, portanto, devem arcar com as consequências de suas escolhas institucionais e políticas.