A guerra na Ucrânia entra em uma nova fase com a chegada de tropas norte-coreanas para reforçar o exército russo. Segundo informações de inteligência dos Estados Unidos, cerca de 10 mil soldados da Coreia do Norte, incluindo 500 oficiais e três generais, foram enviados à Rússia por ordem de Kim Jong-un. Esses militares já foram avistados na região de Kursk, próximo à fronteira com a Ucrânia, onde confrontos entre as forças ucranianas e russas têm ocorrido.
Em resposta, militares ucranianos têm se preparado para enfrentar os novos inimigos no campo de batalha. Vitalii Ovcharenko, um soldado ucraniano, revelou que tem aprendido frases básicas em coreano, como “mãos ao alto, largue sua arma”. Ele acredita que, apesar do reforço, os norte-coreanos não terão impacto significativo e “morrerão inutilmente”, devido à falta de experiência e adaptação ao cenário de guerra.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, classificou o envolvimento da Coreia do Norte como um agravamento da guerra e solicitou que aliados ocidentais forneçam armas de longo alcance para conter a ameaça. Zelenskyy destacou que a Ucrânia agora enfrenta não apenas a Rússia, mas também um segundo país, que apoia Moscou com tropas e suprimentos militares.
Os soldados norte-coreanos, além de participarem diretamente dos combates, também podem ser deslocados para tarefas auxiliares, como trabalhar em fábricas de munição e reforçar a vigilância em regiões fronteiriças, permitindo que Moscou poupe suas forças regulares. Em troca, a Rússia tem apoiado Pyongyang com tecnologia espacial, suprimentos alimentares e salários para seus militares.
Enquanto isso, as forças ucranianas mantêm suas operações na região de Kursk, onde têm enfrentado ataques com drones kamikazes e bombardeios russos. Segundo o tenente-coronel Artem Kholodkevych, comandante da 61ª Brigada Mecanizada, a estratégia da Ucrânia é “fazer o inimigo gastar recursos”. Ele também afirmou que o reforço norte-coreano é mais uma prova de que Vladimir Putin deseja prolongar o conflito.
A presença norte-coreana não é a única preocupação para os ucranianos na linha de frente. O comandante Anvar Hisoriev, de uma brigada de ataques com drones, afirmou que a guerra se tornou uma batalha global contra uma coalizão antiocidental, que inclui Rússia, Coreia do Norte, Irã e, indiretamente, países como China e Índia, que compram petróleo e gás russos.
Na cidade de Sumy, que se tornou um importante centro logístico militar para a ofensiva em Kursk, o otimismo persiste, apesar do aumento de ataques russos com drones e mísseis balísticos. O diretor de cinema Volodymyr Niankin, que documentou a resistência de Sumy em 2022, afirmou que as esperanças de um fim próximo para o conflito ainda são fortes, apesar do cansaço generalizado da população.
Militares ucranianos que combatem em território russo brincam que quem capturar o primeiro prisioneiro norte-coreano ganhará uma caixa de champanhe. No entanto, a realidade do conflito é bem mais dura: seis oficiais norte-coreanos já foram mortos em embates recentes, segundo relatos da mídia local.
O uso de tropas estrangeiras por Moscou também destaca divisões internas na Rússia. Ovcharenko relatou que, em Sudzha, civis russos mostraram descontentamento em abrigar soldados estrangeiros e expressaram comentários preconceituosos contra combatentes de outras regiões, como a Chechênia.
Apesar das dificuldades, a Ucrânia mantém uma posição otimista sobre o progresso da ofensiva em Kursk. Ovcharenko acredita que o sucesso das operações até agora superou as expectativas, mesmo com a chegada dos reforços norte-coreanos. Ele já planeja aprender novas línguas para enfrentar futuras ameaças, com Farsi e chinês em sua lista.
Com informações de: Theguardian