O envio recente de soldados norte-coreanos para o front russo-ucraniano promete trazer uma experiência inédita e chocante para as tropas do regime de Pyongyang. Com o objetivo de adquirir prática em combate, as tropas norte-coreanas enfrentam agora a ameaça de drones kamikazes de primeira pessoa, conhecidos pela capacidade devastadora em situações de combate aproximado.
A presença de tropas da Coreia do Norte nas linhas de combate foi autorizada como parte de um tratado entre os líderes de Pyongyang e Moscou, assinado em junho de 2024, segundo o Major General aposentado Mandip Singh. Com cerca de 3 mil soldados norte-coreanos agora mobilizados na Rússia, a expectativa é de que eles sejam colocados em posição nas regiões fronteiriças, onde a guerra tem sido marcada pela inovação tecnológica, especialmente no uso de drones.
Soldados russos já estão habituados ao som característico das hélices de drones ucranianos, que geralmente indica que foram avistados e correm risco de ataque. Para os soldados norte-coreanos, porém, essa será uma experiência completamente nova e potencialmente desestabilizadora, uma vez que nunca enfrentaram drones em combate direto. A introdução de FPVs (First-Person View), usados extensivamente pelas forças ucranianas, pode representar um grande desafio às tropas norte-coreanas.
Esses drones, que custam apenas US$ 500, têm sido usados com alta eficácia, especialmente em ataques a veículos blindados e tanques, que podem ser atingidos em pontos vulneráveis, como escotilhas e motores. A precisão do FPV é superior a muitos tipos de artilharia, permitindo que ele persiga e atinja alvos em movimento. O planejamento ucraniano é produzir um milhão desses drones até o final de 2024, dobrando o número de projéteis de artilharia produzidos pela União Europeia em 2023.
A guerra no leste europeu, agora em seu terceiro ano, tornou-se um palco de experimentação para novas tecnologias de combate. O uso de drones tem chamado atenção mundial, uma vez que, além de suas operações de reconhecimento, têm sido amplamente utilizados em ataques diretos contra as forças russas, impondo desafios significativos ao avanço militar de Moscou. Brigadas de combate ucranianas contam com companhias dedicadas exclusivamente ao uso de drones de assalto.
Há ainda a possibilidade de que os soldados norte-coreanos possam aprender táticas de drones aplicáveis no contexto militar da Península Coreana, um conhecimento que poderia ser utilizado contra forças sul-coreanas em eventuais confrontos. A proximidade militar entre Rússia e Coreia do Norte também tem gerado preocupação nos Estados Unidos e na Ucrânia, uma vez que Pyongyang é conhecida por seu programa de mísseis balísticos de curto alcance, frequentemente testados e prontos para uso contra a Coreia do Sul.
Embora a Coreia do Norte possua um exército de 1,3 milhão de soldados, grande parte de sua força é direcionada para defesa de fronteiras. Os equipamentos militares norte-coreanos ainda são majoritariamente de origem soviética e carecem de modernização. Especialistas avaliam que as tropas enviadas para a Rússia podem atuar mais na função de guarda de fronteira, liberando soldados russos para o combate ativo e fortalecendo as reservas de Moscou.
Com a intensificação dos combates e o uso crescente de drones, as batalhas se tornam cada vez mais complexas e tecnológicas. Relatórios indicam que os drones ucranianos têm realizado ataques dentro do território russo, atingindo fábricas e refinarias de petróleo, numa tentativa de contornar a falta de mísseis de longo alcance e compensar as limitações em eletrônica e defesa aérea.
A evolução das táticas de guerra e o uso de tecnologias inovadoras por ambos os lados no conflito podem ter implicações significativas para a segurança e a dinâmica militar na Ásia e em outras regiões do mundo, num cenário cada vez mais polarizado e marcado pela colaboração militar entre países aliados.
Com informações de: Eurasiantimes