O navio chinês Yi Peng 3, capitaneado por um oficial russo, foi interceptado e abordado ontem, terça-feira, pelo navio da Marinha dinamarquesa Y311 Søløven, após ser relacionado à destruição de dois cabos submarinos de telecomunicações críticos, o C-Lion1, no Mar Báltico no último domingo. Ao que parece, foi identificado que um navio chinês, que havia partido de um porto russo durante o fim de semana, esteve presente nos locais onde ocorreram os danos.
Esses cabos conectavam a Finlândia à Alemanha e a Suécia à Lituânia, e o incidente imediatamente levantou suspeitas de sabotagem intencional.
O Yi Peng 3 havia saído de um porto russo antes do incidente e estava sendo acompanhado de perto pelas forças navais dinamarquesas enquanto tentava fugir da região. A situação reflete a polêmica do ano passado em torno do New Polar Bear, um navio chinês que danificou o gasoduto Balticconnector.
O alerta foi dado quando Rihards Kols, deputado letão do Parlamento Europeu, ecoou as suspeitas de sabotagem nas redes sociais. Em sua mensagem, Kols alertava sobre os crescentes riscos apresentados por esse tipo de incidente, destacando a possibilidade de uma guerra híbrida apoiada por Estados e projetada para desestabilizar as infraestruturas europeias.
Suspeitas de sabotagem e os riscos à segurança europeia
Ele destacou que esses eventos, fossem obra da China ou da Rússia, representavam uma ameaça crescente à segurança europeia. “Já é hora de reagir”, declarou Kols, refletindo a preocupação generalizada de que tais atos de perturbação poderiam abrir caminho para ações mais agressivas no futuro.
Quando o Yi Peng 3 entrou em águas dinamarquesas, vários navios da marinha dinamarquesa já haviam sido enviados para monitorar seus movimentos. Utilizando dados em tempo real do AIS [Sistema de Identificação Automática] do navio, os observadores notaram que ele deixava a movimentada rota marítima do Kattegat, seguido de perto por um navio da marinha dinamarquesa.
As autoridades dinamarquesas colocaram até mesmo um piloto local a bordo do Yi Peng 3 enquanto ele passava pelo estreito da Dinamarca, garantindo que o navio permanecesse sob estreita vigilância. As imagens de câmeras situadas ao longo da costa confirmaram a presença de patrulhas dinamarquesas seguindo a esteira do Yi Peng 3, o que reforçou o nível de preocupação e prontidão demonstrado pelos militares dinamarqueses.
A resposta da Marinha dinamarquesa frente à ameaça híbrida
A gravidade do incidente foi sublinhada por uma declaração conjunta dos ministros das Relações Exteriores da Alemanha e da Finlândia, que condenaram o ataque aos cabos como uma ameaça direta à segurança de suas nações e da União Europeia como um todo.
“O fato de um incidente desse tipo suscitar imediatamente suspeitas de danos intencionais diz muito sobre a volatilidade de nossos tempos”, dizia a declaração. Ambos os países destacaram que tais ataques faziam parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer as infraestruturas críticas da região, instando à necessidade de aumentar a vigilância e reforçar as defesas contra táticas de guerra híbrida.
Este último episódio faz parte de uma preocupante tendência de ataques a cabos submarinos e oleodutos em toda a Europa, muitos dos quais foram atribuídos a agentes patrocinados por Estados. Em 2022, a Noruega denunciou o corte de um cabo submarino de fibra óptica que ligava Svalbard ao continente, ato que posteriormente foi atribuído a um navio russo.
Da mesma forma, a investigação sobre o incidente do New Polar Bear, ocorrido anteriormente, revelou que o navio provavelmente havia causado danos no oleoduto Balticconnector ao lançar âncora durante uma tempestade. Apesar de as autoridades chinesas negarem inicialmente, os investigadores finlandeses acabaram confirmando a implicação do navio, o que destaca a importância da vigilância constante na região.
O papel estratégico da Marinha e a importância do Søløven no Báltico
Nesse contexto, o papel do navio de guerra dinamarquês Y311 Søløven não pode ser subestimado. Este navio de grande capacidade é projetado para operar com eficácia nas difíceis e congestionadas águas do Mar Báltico, famoso por suas condições de navegação complexas.
Como parte da frota moderna dinamarquesa, o Søløven está equipado com radares e sistemas de vigilância de última geração, tornando-o especialmente apto a rastrear e interceptar embarcações envolvidas em atividades ilícitas. Sua velocidade e manobrabilidade são cruciais para perseguir criminosos que se deslocam rapidamente, enquanto seu casco reforçado permite resistir às duras condições marítimas, garantindo sua eficácia operacional independentemente das condições climáticas.
Além de seu design robusto, o Søløven possui sensores avançados que oferecem uma capacidade excepcional de rastreamento. Esses sistemas são cruciais para detectar ameaças potenciais a longa distância, mesmo em condições de baixa visibilidade, comuns no clima imprevisível do Báltico. A capacidade do navio de atuar nessas condições o torna um ativo vital para a Dinamarca, especialmente ao enfrentar suspeitas de sabotagem ou agressões na região.
Além disso, o Søløven está equipado com um arsenal de armas e sistemas defensivos que permitem responder a ameaças, se necessário. A presença a bordo de helicópteros e lanchas de resposta rápida adiciona outra camada de flexibilidade, permitindo interceptações tanto aéreas quanto marítimas.
O porão do navio é suficientemente espaçoso para abrigar pessoal e suprimentos durante operações prolongadas, tornando-o especialmente útil para missões que requerem uma presença sustentada ou a coordenação com outras unidades navais na área.
A importância estratégica do Y311 Søløven é evidente: ele foi projetado para uma ampla gama de operações, desde o cumprimento das leis marítimas até a participação em ações defensivas contra navios adversários. Sua capacidade de vigiar e interceptar ameaças potenciais garante que a Dinamarca esteja bem posicionada para proteger suas águas territoriais e manter a segurança do Mar Báltico.
Dadas as infraestruturas críticas da região e seu papel central na segurança europeia, as operações do Søløven constituem uma parte vital da estratégia de defesa da Dinamarca, enviando uma mensagem contundente a qualquer estado ou entidade que tente desestabilizar a região.