Nos últimos dias, as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela sofreram uma escalada de tensões. Em 31 de outubro de 2024, a Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela publicou em suas redes sociais uma imagem que sugeria uma ameaça velada ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A postagem apresentava a silhueta de Lula sobre a bandeira do Brasil, acompanhada da mensagem: “Caracas não aceita chantagens de ninguém” e a hashtag “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”
Essa ação foi interpretada como uma resposta à recusa do Brasil em apoiar a entrada da Venezuela no bloco BRICS, decisão que o governo venezuelano classificou como uma “agressão”
Em reação, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou surpresa com o “tom ofensivo” adotado pelas autoridades venezuelanas, destacando que ataques pessoais e escaladas retóricas não condizem com o tratamento respeitoso que o Brasil dispensa à Venezuela e ao seu povo
Além disso, o Itamaraty enfatizou a importância do respeito à soberania e à não intervenção nos assuntos internos de outros países. A publicação da polícia venezuelana foi posteriormente removida das redes sociais, mas o incidente evidenciou a fragilidade das relações bilaterais e a necessidade de diálogo diplomático para evitar maiores conflitos.
Brasil x Venezuela: quem tem mais poder de fogo?
As forças militares da Marinha, Força Aérea e Exército do Brasil e da Venezuela destacam-se no cenário sul-americano por suas diferenças em tamanho, recursos e capacidades operacionais. Embora ambos os países possuam grandes exércitos e desempenhem papéis estratégicos em suas regiões, a disparidade entre os efetivos e os investimentos reflete suas distintas abordagens à defesa nacional e ao desenvolvimento militar.
Abaixo, examinamos as características das forças armadas de ambos os países, usando dados atualizados de fontes como Global Firepower, CIA World Factbook e outras análises.
Brasil conta com mais de 366.614 militares, distribuídos entre Exército, Marinha e Força Aérea
Segundo a base Global Firepower, o Brasil conta com cerca de 366.614 militares, distribuídos entre Exército, Marinha e Força Aérea, enquanto a Venezuela possui um efetivo significativamente menor, com aproximadamente 115.000 militares ativos.
Essa diferença se reflete também na estrutura das forças terrestres: o Exército Brasileiro é considerado quase o dobro do venezuelano em termos de pessoal, e as forças aéreas e navais do Brasil contam com quatro vezes mais soldados que as da Venezuela, segundo dados do site Money Times.
A Venezuela mantém também um número expressivo de forças de reserva e milícias, totalizando em torno de 515.000 membros se incluirmos a Guarda Nacional e outras forças paramilitares. Essa força extra tem uma função mais estratégica e de defesa territorial, mas não equivale ao efetivo preparado para missões internacionais ou operações de combate especializadas, características mais desenvolvidas na estrutura das forças brasileiras.
No que se refere ao poder aéreo, a superioridade do Brasil é clara!
No que se refere ao poder aéreo, a superioridade do Brasil é clara. O Brasil possui aproximadamente 120 aeronaves de caça e ataque, incluindo o avançado F-39 Gripen, recentemente incorporado à Força Aérea Brasileira, segundo o Ministério da Defesa.
O Gripen representa um marco na tecnologia de aviação de combate da América do Sul, com capacidades de radar e armamentos comparáveis às das grandes potências mundiais.
No total, o Brasil possui aproximadamente 371 aeronaves de ataque, além de 913 helicópteros, entre os quais 281 são dedicados ao ataque. Essas cifras evidenciam uma forte capacidade de resposta rápida e de suporte em operações tanto de combate quanto de resgate.
Por outro lado, a Venezuela possui uma frota aérea menor, com um número estimado de 280 aeronaves, incluindo aviões de caça e helicópteros. Embora a Venezuela invista na compra de caças russos Su-30, que são aeronaves potentes e bem armadas, a falta de manutenção adequada e as dificuldades econômicas do país limitam a capacidade de voo e disponibilidade das aeronaves.
Fontes como o Global Firepower indicam que muitos desses caças estão fora de operação ou com manutenção defasada, o que reduz a eficácia operacional da força aérea venezuelana.
Exército brasileiro possui 303.553 veículos blindados de combate, uma quantidade muito superior à da Venezuela
As forças terrestres do Exército brasileiro também se destacam em relação às da Venezuela. O Brasil conta com uma grande frota de veículos blindados e tanques de combate, refletindo uma política de defesa focada em prontidão e mobilidade.
Segundo dados da Global Firepower, o Brasil possui cerca de 44.000 veículos blindados de combate, uma quantidade muito superior à da Venezuela, que conta com aproximadamente 700 veículos terrestres. Essa diferença é crucial, pois demonstra a capacidade do Brasil de projetar forças terrestres com mais versatilidade em operações de larga escala, um fator importante em conflitos prolongados.
Além disso, o Brasil possui 52 lançadores de foguetes, enquanto a Venezuela possui aproximadamente a mesma quantidade. Essa paridade em lançadores de foguetes representa uma capacidade semelhante em artilharia, mas o Brasil se destaca pelo acesso a tecnologia de mísseis mais avançada, uma vantagem que reforça a sua superioridade em ataques de longa distância e defesa estratégica.
Poderio Naval da Marinha brasileira: submarinos e embarcações de guerra
As forças navais também exibem diferenças significativas. A Marinha Brasil possui cinco submarinos, construídos como parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), incluindo o futuro submarino nuclear que está sendo desenvolvido.
A Marinha Brasileira possui também embarcações de guerra que são modernizadas regularmente, enquanto a Venezuela possui dois submarinos e 50 embarcações, segundo dados do Jornal Opção.
O programa Prosub, que inclui a construção de infraestrutura em Itaguaí (RJ), permite que a Marinha do Brasil não apenas ampliar sua frota de submarinos, mas também desenvolver capacidades de produção interna de tecnologia naval.
Isso representa uma vantagem estratégica de longo prazo, dando a Marinha do Brasil a capacidade de defender suas águas costeiras de forma mais eficiente e com maior soberania tecnológica.
Gastos militares e investimento em defesa nacional
No aspecto econômico, o Brasil também se destaca como o país que investe mais em defesa na América do Sul. Com um orçamento anual superior ao da Venezuela, o Brasil aloca recursos significativos para a manutenção e modernização de suas forças armadas, o que garante a prontidão e a atualização de equipamentos.
Em comparação, a Venezuela, que chegou a investir cerca de 5,2% do seu PIB em defesa em 2019, enfrenta limitações severas de orçamento devido à crise econômica. Isso impacta a capacidade do país de manter e modernizar seus equipamentos, especialmente no setor aéreo e naval.
Brasil possui mais de 24.295 drones registrados contra ZERO da Venezuela
Outro ponto interessante é o uso de tecnologia e drones nas operações de ambos os países. O Brasil possui mais de 24.295 drones registrados, entre os quais muitos são de uso militar e auxiliam em operações de monitoramento e inteligência nas fronteiras, segundo dados da ANAC.
A Venezuela não dispõe de uma estrutura equivalente em drones, o que limita sua capacidade de vigilância e monitoramento em regiões de fronteira e em operações contra atividades ilegais. Essa diferença em tecnologia reflete também o maior acesso do Brasil a recursos para inovação e integração de novas tecnologias na defesa.
Brasil mantém alianças com Argentina e Colômbia x Venezuela com Rússia, Irã e a China
No cenário geopolítico, o Brasil se posiciona como um país não alinhado à OTAN, mas que mantém alianças regionais com Argentina e Colômbia. A Venezuela, por outro lado, possui fortes laços com a Rússia e cooperação militar com países como o Irã e a China. Essa diferença de alianças também influencia as capacidades militares de ambos os países.
O Brasil, por exemplo, é um dos signatários da Aliança do Oceano Atlântico, que visa promover a segurança e sustentabilidade no Oceano Atlântico, enquanto a Venezuela adota uma postura mais voltada para parcerias com países fora do continente americano.
Brasil possui forças armadas mais bem equipadas e diversificadas, com capacidade superior tanto em operações aéreas quanto navais
A comparação entre as forças militares do Brasil e da Venezuela revela uma ampla vantagem para o Brasil em termos de efetivo, tecnologia e recursos. O Brasil possui forças armadas mais bem equipadas e diversificadas, com capacidade superior tanto em operações aéreas quanto navais, além de contar com uma infraestrutura de defesa em desenvolvimento contínuo.
A Venezuela, embora tenha um exército numeroso com o apoio de forças paramilitares, enfrenta limitações tecnológicas e financeiras que restringem suas capacidades de defesa e projeção de força.
A diferença em investimentos e em tecnologia entre as Forças Armadas dos dois países é significativa e pode ser um fator determinante em caso de conflitos regionais. Com o apoio de iniciativas de modernização como o Prosub e o investimento em drones e veículos blindados, o Brasil se destaca como uma potência militar na América do Sul.
Enquanto isso, a Venezuela, com um orçamento militar limitado e uma dependência significativa de aliados como a Rússia, precisa superar grandes desafios para manter a eficácia de suas forças armadas.