Em agosto deste ano, 41 oficiais da Marinha receberam remuneração superior a R$ 100 mil, somando verbas indenizatórias e o soldo, já com descontos. O levantamento foi feito por André Shalders, do Estadão, com base no portal da transparência.
Esses oficiais atuam em missões da Marinha no exterior. O capitão de mar e guerra Alexandre Nonato Nogueira, por exemplo, recebeu o equivalente a R$ 220,8 mil reais. A última portaria de Nogueira mostra que ele esteve em serviço na Ilha da Madeira, território de Portugal no Oceano Atlântico.
Já Leonardo Taumaturgo Pavoni, irmão mais novo do diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha, Alexandre Taumaturgo Pavoni, recebeu R$ 216,3 mil.
Leonardo exercia a função de Assessor do Conselheiro Militar da Missão Permanente do Brasil junto à ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova Iorque, nos Estados Unidos, desde 30 de setembro de 2022.
O terceiro lugar pertence ao capitão de mar e guerra Marcelo Maza Quadros, adido militar da Embaixada Brasileira na Arábia Saudita. O salário líquido dele chega a cerca de R$ 145,7 mil na cotação atual do dólar.
Ao todo, a Marinha remunerou em dólares 821 pessoas. Somadas, a remuneração líquida e as verbas indenizatórias desses militares alcançam o equivalente a R$ 44 milhões.
Em nota ao Estadão, a Força Naval disse que o pagamento de militares no exterior cumpre rigorosamente a legislação que dispõe sobre retribuição e direitos do servidor público, do empregado público e do militar das Forças Armadas.
“Cabe ressaltar que, após anos de serviços prestados, cerca de 0,002% do efetivo total de Oficiais e Praças da MB são selecionados, por meritocracia, para exercerem cargos importantes nas relações internacionais e na diplomacia, devido à responsabilidade de representar e assessorar as missões diplomáticas nos assuntos militares e afetos à Defesa, da mesma forma que ocorre em outras carreiras de Estado”.
Centro de Comunicação Social da Marinha é responsável por vídeo polêmico
O vídeo do Dia do Marinheiro, publicado no dia 1º de dezembro nas redes sociais, foi elaborado pelo Centro de Comunicação Social da Marinha. A afirmação é da própria Força Naval, que ainda acrescenta que nenhuma agência de publicidade ou atores foram contratados e nega o uso de recursos de inteligência artificial.
A publicação inicialmente repercutiu de forma positiva no meio militar. Entretanto, para a sociedade repercutiu bastante mal.
Ouvida pelo UOL, a professora Carla Teixeira, historiadora militar e coautora do livro Ilegais e Imorais, argumentou que a campanha da Marinha reforça uma visão elitista e insensível às dificuldades enfrentadas pela população, como transporte público precário, baixos salários e falta de acesso a serviços básicos.
No X (antigo Twitter), os comentários mais curtidos de resposta ao vídeo também são negativos.
“Quem teve a brilhante ideia de fazer uma peça publicitária que dá a entender que todos os civis brasileiros não trabalham e vivem em uma novela do Manoel Carlos enquanto a Marinha defende o Brasil de uma guerra imaginária?”, disse Biazita Gomes.
“Que vergonha esse vídeo retratando os civis como se ficassem em festas e lazer quando, na verdade, a maioria batalha de segunda a segunda pra sobreviver”, afirmou Diego Leonardo.
Segundo a Marinha, “a peça publicitária tem a intenção de destacar e reconhecer o constante sacrifício de marinheiros e fuzileiros navais, que trabalham incansavelmente para a Defesa da Pátria e o desenvolvimento nacional, atividades essenciais para que a sociedade em geral possa desfrutar de vida mais próspera e segura”.