A invasão russa na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, desencadeou um dos conflitos mais traumáticos da Europa contemporânea. O embate frequentemente é caracterizado como uma guerra por procuração, dado o contexto de apoio militar e financeiro que a Ucrânia recebe do Ocidente, particularmente da OTAN e dos Estados Unidos. Esse apoio que a Ucrânia tem recebido do Ocidente, que se intensificou ao longo dos anos, é mais do que vital, e tem sido a espinha dorsal da resistência ucraniana. Todavia, mesmo uma proxy war precisa de soldados, e, às portas de entrar em seu terceiro ano, a guerra na Europa está se mostrando uma draga de vidas que pode até rivalizar com a segunda grande guerra.
Até janeiro de 2024, a União Europeia e os Estados Unidos haviam fornecido quase US$ 165 bilhões em ajuda militar, financeira e humanitária. Essa assistência incluiu tanques, sistemas de defesa aérea e artilharia de longo alcance, que foram cruciais para fortalecer as capacidades defensivas ucranianas.
O impacto desse apoio é visível nas operações militares ucranianas, que, embora tenham enfrentado grandes desafios, conseguiram resistir e até contra-atacar em várias frentes.
No entanto, o custo humano do conflito tem sido devastador. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky informou que cerca de 43 mil soldados ucranianos foram sacrificados no campo de batalha, desde fevereiro de 2022 – embora as estimativas ocidentais sejam maiores, e significativamente mais altas ainda para a Rússia.
As informações vindas da Rússia
Para os russos, desde o início da invasão em fevereiro de 2022, o Exército ucraniano teria perdido cerca de um milhão de efetivos, entre mortos e feridos, e cerca de 20 mil tanques e veículos blindados. A declaração foi dada nesta quarta-feira (18) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov.
“A perdas do adversário desde o início da operação militar especial [assim os russos chamam a invasão da Ucrânia] são de cerca de um milhão de homens entre mortos e feridos, aproximadamente 20.000 mil tanques e veículos blindados, mais de 19.500 peças de artilharia de campanha e mais de 1.500 lançadores múltiplos de foguetes”, detalhou Gerasimov numa reunião com adidos militares de países estrangeiros.
De acordo com ele, as tropas da Rússia têm a iniciativa e estão avançando na linha de frente, apesar da ajuda considerável que Kiev recebe do Ocidente.
O militar disse também que os EUA e seus aliados aumentaram significativamente a assistência militar e técnico-militar à Ucrânia. Ele completa, dizendo que “o envolvimento dos países ocidentais no confronto com a Rússia cria riscos globais.”
De acordo com dados do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, desde o início da guerra de invasão, o Ocidente forneceu à Ucrânia:
- mais de 6.400 tanques e veículos blindados,
- mais de 150 aviões e helicópteros,
- além de 40 mil drones.
O futuro da Ucrânia
Quanto às vidas humanas perdidas na Ucrânia, estimativas ocidentais sugerem que o número real pode ser bem maior. Além das perdas humanas, a guerra gerou uma crise humanitária sem precedentes, com milhões de ucranianos deslocados e uma infraestrutura severamente danificada. De acordo com dados da ONU, a guerra gerou 6 milhões de refugiados e 8 milhões de deslocados internamente.
Em 2024, a Rússia intensificou suas ofensivas, alegando ter tomado 189 localidades na Ucrânia, o que demonstra um aumento nas hostilidades e uma luta contínua pelo controle territorial.
Apesar do apoio ocidental, o moral das tropas ucranianas enfrenta testes severos à medida que as baixas aumentam e as tensões se elevam.
A situação permanece crítica e complexa, com o futuro da Ucrânia dependendo não apenas de suas Forças Armadas, mas também da continuidade do apoio ocidental num cenário local exaurido e caótico provocado pelo esforço de guerra, e uma cena global cada vez mais instável.