Vladimir Putin aprovou um orçamento histórico para 2025, destinando 32,5% dos gastos federais, ou cerca de US$126 bilhões, ao setor militar. Essa decisão reforça o compromisso da Rússia em sustentar a prolongada guerra na Ucrânia, enquanto enfrenta os custos financeiros, logísticos e sociais dessa empreitada. O país, agora profundamente militarizado, vive um momento de contrastes econômicos, onde o crescimento de indústrias bélicas contrasta com a estagnação de setores civis.
As guerras modernas deixaram de ser batalhas apenas de soldados e tornaram-se cenários onde a tecnologia domina. Drones militares, como os Bayraktar TB2 utilizados pela Ucrânia, custam milhões de dólares cada, enquanto blindados como os Leopard 2, enviados pelos aliados ocidentais, ou os T-90, fabricados pela Rússia, chegam a US$10 milhões por unidade, somando treinamento e manutenção.
Desafios logísticos e altos custos para sustentar a guerra na Ucrânia
Além dos custos de fabricação, a logística militar desempenha um papel crítico. Manter forças armadas mecanizadas exige um investimento gigantesco em transporte, munições, peças de reposição e infraestrutura. No campo de batalha da Ucrânia, milhares de projéteis de artilharia são disparados diariamente, resultando na perda de centenas de veículos militares. Isso representa uma pressão imensa sobre os cofres do governo russo e ilustra como os avanços tecnológicos elevam exponencialmente os custos de um conflito.
Apesar das sanções econômicas, as exportações continuam sustentando o financiamento militar da Rússia
Desde o início da invasão em 2022, a Rússia tem enfrentado sanções severas que congelaram mais de US$300 bilhões em ativos e limitaram seu acesso a mercados financeiros globais. Em resposta, Moscou reestruturou suas exportações de petróleo e gás, redirecionando-as para países como China e Índia, muitas vezes com grandes descontos. Apesar da redução nos lucros, essas exportações continuam sendo a base do financiamento militar.
Apesar das sanções econômicas, as exportações continuam a sustentar o financiamento militar da Rússia
Dentro do país, a economia foi profundamente transformada. Indústrias civis foram redirecionadas para atender às demandas militares, como a produção de veículos blindados e munições. Em regiões industriais, houve crescimento econômico devido à alta demanda por produtos bélicos.
Entretanto, áreas rurais e setores não ligados ao esforço de guerra, como manufatura de bens de consumo, enfrentam declínio e estagnação. Esse contraste gerou um aumento das desigualdades regionais, com algumas regiões prosperando enquanto outras sofrem com desemprego e baixos investimentos.
Bilhões de gastos em guerra e o desafio de manter a estabilidade do país
Os custos acumulados do conflito são impressionantes. Apenas entre 2022 e 2024, a Rússia gastou aproximadamente US$130 bilhões diretamente na guerra, enquanto as perdas econômicas indiretas, incluindo infraestrutura destruída e o bloqueio de capitais estrangeiros, ultrapassaram US$100 bilhões.
Para conter a inflação, o Banco Central russo elevou as taxas de juros para 21%, mas essa medida afetou negativamente o consumo doméstico e os investimentos privados, resultando em um custo de vida insustentável para muitos russos. Ainda assim, nas grandes cidades industriais, o desemprego permanece baixo devido à alta demanda da indústria bélica. Contudo, analistas apontam que, se o conflito terminar abruptamente, essas regiões podem enfrentar colapsos econômicos, agravando ainda mais as desigualdades.
Rússia excede na militarização e limita investimentos em setores essenciais no país
A Rússia dependerá de suas receitas de petróleo e gás, mas a militarização excessiva pode limitar investimentos em setores essenciais como saúde, educação e infraestrutura civil. Além disso, o isolamento tecnológico imposto pelas sanções prejudica a capacidade do país de inovar e manter sua competitividade global, tanto no setor militar quanto em áreas civis estratégicas, como telecomunicações e energia.