A guerra na Síria, que começou em 2011, intensificou-se com uma nova ofensiva rebelde contra o exército de Bashar Al Assad, desafiando o controle do governo. Esse conflito, que se tornou extremamente complexo, envolve diversos grupos e interesses regionais, incluindo a Turquia, que tem suas próprias agendas de intervenções na região.
Desde o início, a resposta brutal do regime de Assad aos protestos pacíficos transformou a demanda por democracia em uma insurreição armada, complicando ainda mais a situação. Grupos rebeldes moderados, como o Exército Livre da Síria, perderam espaço para organizações extremistas, entre elas o ISIS e o HTS. Esse cenário mudou drasticamente a dinâmica da guerra.
A transição do HTS e o crescimento da ameaça extremista
A Batalha de Alepo, que culminou em 2016, funcionou como um ponto de inflexão, consolidando Assad como um líder dominante e alterando o equilíbrio de poder no país. O HTS, originado em Idlib, passou de um grupo ligado à Al-Qaeda para uma força militar profissionalizada, controlando uma população de 4 milhões de pessoas.
Apesar de suas tentativas de legitimação, o grupo continua a ser considerado uma organização terrorista, praticando atos violentos.
A administração do HTS na província de Idlib exibe uma quase autonomia, misturando leis islâmicas com tentativas de governança que visam criar uma aparência de normalidade. Essa transformação reflete uma mudança estratégica significativa, uma vez que o HTS se tornou um exército militar organizado, com intenso treinamento.
Recentemente, o HTS surpreendeu o regime de Assad ao realizar um ataque relâmpago em Alepo, capturando uma base militar e desestabilizando rotas logísticas essenciais.
A recente operação em Alepo, apoiada por vários grupos rebeldes, ressalta a complexidade da guerra civil síria e as dinâmicas geopolíticas em jogo. Fatores como a retirada de aliados de Assad e o fortalecimento do HTS foram cruciais neste contexto.
A influência de grupos extremistas na Síria está crescendo, com facções ligadas à Al-Qaeda e ao ISIS se destacando entre os rebeldes, aumentando a tensão na região.
A influência do Hezbollah, a ambiguidade da Turquia e o desafio do Exército russo na Guerra Civil Síria
O papel do Hezbollah na guerra civil síria é significativo. O grupo utiliza o conflito como um campo de treinamento, enquanto reforça suas capacidades, afetando o equilíbrio de poder na área. Por sua vez, a Turquia atua como um jogador ambíguo, afirmando combater o HTS, mas buscando impedir que Assad recupere o controle total da Síria. Essa postura influencia diretamente o desenrolar do conflito.
A Turquia tem um papel crucial na região de Idlib, apoiando o HTS e estabelecendo postos de observação do exército. Esses postos visam conter o avanço das forças sírias e russas e refletem os interesses estratégicos da Turquia em enfraquecer o regime de Assad e controlar a influência do Irã na Síria.
Os postos de observação turcos monitoram o cessar-fogo e atuam como barreiras contra o avanço do regime sírio, o que é vital para a segurança da região.
A influência curda, especialmente do YPG, é vista como uma ameaça à segurança nacional turca, levando a Turquia a tomar medidas para conter seu avanço na Síria. Por outro lado, o Irã continua a apoiar o regime de Assad, enviando milícias e conselheiros.
Ataques recentes têm enfraquecido a capacidade de defesa do regime, indicando uma luta contínua pelo controle na região. A relação entre Turquia e Rússia, embora tensa, é crucial no contexto do conflito sírio. Ambas as nações buscam evitar uma escalada que prejudique seus próprios interesses mútuos.
A recente ofensiva em Alepo coloca a frágil cooperação entre Turquia e Rússia à prova, evidenciando o desafio de equilibrar interesses estratégicos. A resposta rápida do regime sírio, com a retirada de tropas de Alepo, revela as limitações das forças do regime em termos de capacidade operacional.