A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está considerando a possibilidade de revisar suas metas em relação à produção de armamentos entre os países membros, o que implicaria um aumento nos investimentos militares de cada nação para 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa informação foi divulgada pela agência de notícias Bloomberg, com base em fontes que preferiram não se identificar.
Segundo a Bloomberg, a aliança militar está se preparando para estabelecer novas diretrizes específicas sobre a quantidade de tanques, aeronaves e outros sistemas de armamento que os Estados-membros devem produzir. Essa iniciativa pode levar a um novo patamar de gastos com defesa, elevando a meta atual de 2% do PIB para até 3%.
É importante destacar que a partir desse incremento de gastos e como parte das novas metas de armamento, a OTAN pretende:
- priorizar o fortalecimento das defesas antiaéreas,
- ampliar os sistemas ofensivos e
- aprimorar as capacidades de dissuasão nuclear.
A agência informou ainda que a aliança busca chegar a um consenso sobre essas novas metas durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores e da Defesa, prevista para ocorrer antes da cúpula dos líderes dos Estados-membros em Haia, marcada para junho de 2025.
No entanto, alguns especialistas reconhecem que respeitar esse cronograma pode ser complicado. O assunto será debatido em uma reunião dos ministros da Defesa da OTAN em fevereiro.
Em novembro, o atual secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, destacou a necessidade de aumentar os gastos com defesa e a produção de armamentos como uma das principais prioridades da aliança. Ele enfatizou que os países membros devem investir “muito mais” do que o limite atual de 2% do PIB em defesa.
Recentemente dados apontaram que oito países da OTAN, incluindo nações de grande porte como Canadá e Itália, ainda não atingiram o padrão estabelecido de 2% de gastos militares.
Em julho deste ano, o secretário-geral anterior da OTAN, Jens Stoltenberg, destacou que mais de 20 países da aliança estão se preparando para cumprir a meta de gastar pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa, um aumento significativo em relação aos anos anteriores.
Contexto atual
Desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, a OTAN estabeleceu a meta de 2% do PIB para gastos com defesa como um padrão mínimo.
Este limite foi reforçado pela invasão russa da Ucrânia em 2022, que alterou drasticamente a percepção de segurança na Europa.
Os esforços da OTAN para que os países-membros aumentem seus gastos militares, são frutos particularmente do contexto de crescente pressão geopolítica e da recente eleição de Donald Trump como presidente dos EUA.
Com o retorno de Trump ao poder, há uma expectativa de que ele pressione ainda mais os aliados a cumprirem ou até a dobrarem esses gastos.
Motivações para aumentar os gastos
- Dissuasão militar: Rutte, o secretário-geral da OTAN, enfatizou que os atuais níveis de investimento não são suficientes para garantir uma dissuasão eficaz. Ele argumenta que para manter a segurança coletiva os membros devem investir mais.
- Fortalecimento da indústria de Defesa: a OTAN também está preocupada com a capacidade da indústria de defesa europeia em atender à demanda crescente por equipamentos militares. Rutte mencionou que muitos países estão comprando armamentos fora da aliança devido à lentidão e aos altos custos da produção interna.
- Respostas às ameaças externas: a crescente agressividade da Rússia e as tensões globais têm levado os países europeus a reavaliar suas políticas de defesa, resultando um aumento considerável nos orçamentos militares.
Desafios e críticas
Apesar do aumento nos gastos, ainda existem críticas sobre esses investimentos serem realmente suficientes para enfrentar as ameaças atuais. Muitos analistas apontam que o esforço coletivo ainda pode ser deficitário frente à magnitude dos desafios enfrentados pela OTAN.
Além disso, as declarações de Trump sobre não proteger aliados que não cumpram suas obrigações financeiras geraram preocupações sobre a coesão da aliança e sua eficácia em tempos de crise.
A OTAN está buscando elevar seus limites de gastos militares como parte de uma estratégia mais ampla para garantir a segurança coletiva diante das crescentes ameaças externas. O cenário político atual e as pressões internas dos EUA sem dúvida desempenham um papel crucial nessa dinâmica.