O Magura V5, um drone naval kamikaze desenvolvido pela Ucrânia, entrou para a história militar como o primeiro veículo marítimo não tripulado a afundar um navio de guerra em combate real. De acordo com um relatório divulgado em 28 de dezembro de 2024 pela Inteligência de Defesa da Ucrânia, o drone operado pela unidade especial Grupo 13 destruiu ou danificou 15 embarcações russas. Esse feito marca uma revolução no campo da guerra naval, destacando o impacto crescente das tecnologias autônomas no combate moderno.
O Magura V5 representa um avanço significativo na tecnologia de drones marítimos. Com 5,5 metros de comprimento e 1,5 metro de largura, ele combina tamanho compacto e agilidade para operações furtivas em águas hostis. O drone alcança velocidades de até 78 km/h e possui alcance operacional de 800 quilômetros. Equipado com uma carga explosiva de 200 kg, ele é capaz de realizar ataques devastadores contra embarcações de alto valor. Seus sistemas avançados de navegação incluem tecnologias GNSS, inerciais e visuais, permitindo operações autônomas ou por controle manual. A transmissão de vídeo em tempo real melhora a tomada de decisões táticas durante as missões.
A introdução de drones kamikazes redefiniu a estratégia de guerra naval no século 21. Esses dispositivos oferecem combinação de furtividade, precisão e baixo custo, tornando-os ideais para conflitos assimétricos. Ao contrário de navios tradicionais, os drones podem ser produzidos e implantados rapidamente, proporcionando a países menores ou tecnologicamente inovadores a capacidade de enfrentar forças navais superiores. No atual conflito na Ucrânia, a adoção dessa tecnologia provou ser uma estratégia eficaz para equilibrar a disparidade de recursos.
A Ucrânia integrou os sistemas não tripulados em sua estratégia de defesa, especialmente na região do Mar Negro. O Magura V5 tornou-se uma peça-chave nessa abordagem. Em fevereiro de 2024, o drone afundou a corveta russa Ivanovets, da classe Tarantul-III, na Baía de Donuzlav. Duas semanas depois, destruiu o navio de desembarque Tsezar Kunikov, da classe Ropucha, na costa de Alupka. Esses ataques enfraqueceram significativamente a capacidade logística e de domínio naval da Rússia na região, obrigando o reposicionamento de ativos militares.
O sucesso do Magura V5 reflete um movimento mais amplo na evolução da guerra naval. Inicialmente utilizados para reconhecimento e coleta de inteligência, os sistemas não tripulados avançaram para funções ofensivas graças a melhorias em explosivos, navegação e automação. O uso de drones kamikazes ganhou destaque na última década, com exemplos marcantes como os ataques de rebeldes Houthis contra navios da coalizão liderada pela Arábia Saudita durante a Guerra Civil do Iêmem, em 2016.
Entre 2018 e 2020, o Irã e seus aliados também utilizaram drones e barcos explosivos no Estreito de Ormuz para interromper a navegação e atacar embarcações militares. Esses eventos anteciparam o papel crescente das plataformas não tripuladas em operações navais. A Ucrânia começou a testar drones marítimos em 2023, visando infraestruturas russas como a Ponte da Crimeia e a Base Naval de Sebastopol. Essas missões prepararam o terreno para o desenvolvimento e implementação do Magura V5.
A ascensão dos drones kamikazes simboliza uma mudança nos paradigmas de estratégia militar. Eles combinam furtividade e precisão com custo acessível e risco humano reduzido, tornando-os alternativas viáveis para enfrentar adversários mais poderosos. No conflito em curso, os drones marítimos provaram ser uma linha de defesa fundamental contra a agressão russa. O Magura V5 exemplifica o impacto operacional e psicológico dessas tecnologias, forçando a Marinha Russa a desviar recursos para combater a ameaça crescente.
O sucesso do Magura V5 deve inspirar outros países a investir em tecnologias semelhantes. Esse marco histórico destaca o valor estratégico e tático dos sistemas não tripulados e inaugura uma nova era na guerra naval. Conforme as inovações tecnológicas avançam, o equilíbrio de poder nos mares está sendo redefinido, com soluções como o Magura V5 liderando essa transformação.
Com informações de: armyrecognition