Os planetas Urano e Netuno, conhecidos como gigantes gelados do sistema solar, podem esconder uma grande surpresa em suas profundezas. Pesquisadores acreditam que ambos abrigam vastos oceanos de água escondidos sob suas camadas densas de atmosfera. A descoberta, baseada em simulações de computador, promete transformar a forma como entendemos esses planetas e até mesmo a possibilidade de vida além da Terra.
Segundo estudos liderados pelo cientista planetário Burkhard Militzer, há evidências de uma camada de água com aproximadamente 8 mil quilômetros de espessura escondida sob a atmosfera de hidrogênio e hélio desses planetas. Sob pressão 60 mil vezes maior do que a encontrada na superfície da Terra, essa água assume o estado de fluido supercrítico, uma forma intermediária entre líquido e gás, alterando significativamente suas propriedades.
Além da água, as simulações indicam a presença de uma camada rica em carbono abaixo dessa região. Essas características únicas podem explicar os campos magnéticos irregulares de Urano e Netuno, que contrastam com os campos magnéticos simétricos observados em planetas como a Terra, Júpiter e Saturno. Os dados coletados pela sonda Voyager 2 décadas atrás agora ganham um novo significado com essas revelações.
Os avanços foram possíveis graças ao uso de aprendizado de máquina e simulações avançadas envolvendo 540 átomos em condições extremas. Esses experimentos ajudaram os cientistas a entender como os diferentes componentes internos dos planetas, como água, metano e amônia, interagem sob altíssimas pressões. Essa técnica também permitiu correlacionar os campos gravitacionais medidos pela Voyager 2 com as estruturas internas propostas.
As diferenças encontradas entre os gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, e os gigantes gelados, Urano e Netuno, agora são mais compreensíveis. A descoberta de oceanos ocultos não apenas ajuda a desvendar os mistérios desses planetas, mas também fornece pistas valiosas sobre a formação e evolução de planetas em outras partes da galáxia.
A Nasa já demonstra interesse em enviar uma missão a Urano para confirmar essas teorias e explorar mais profundamente os segredos dos gigantes gelados. Uma possível missão incluiria equipamentos capazes de medir vibrações internas, revelando a composição exata das camadas do planeta. Além disso, a missão poderia investigar luas como Miranda, que pode conter oceanos sob sua crosta congelada.
Se confirmada, essa descoberta poderia colocar Urano na lista de mundos oceânicos do sistema solar, ao lado de Europa, lua de Júpiter, e Encélado, lua de Saturno. Esses corpos celestes são considerados os melhores candidatos para abrigar formas de vida extraterrestre. Com missões planejadas para a próxima década, a ciência pode estar prestes a dar um salto significativo em nossa busca por respostas.
A configuração rara de alinhamento planetário em 2034 oferece uma oportunidade ideal para lançar uma missão a Urano, aproveitando o “efeito estilingue” gravitacional de Júpiter para reduzir o tempo de viagem. Essa janela temporal torna a exploração dos gigantes gelados ainda mais urgente para a Nasa e outras agências espaciais.
Com informações de: Ecoticias