O ex-fuzileiro naval dos EUA, Daniel Duggan, será extraditado para os Estados Unidos, conforme confirmado nesta segunda-feira pelo procurador-geral da Austrália, Mark Dreyfus. Duggan, cidadão australiano naturalizado, foi preso em 2022 em Nova Gales do Sul. Ele enfrenta uma acusação de 2017 de um grande júri norte-americano, que o acusa de violar um embargo de armas ao treinar pilotos militares chineses.
Veja também:
- Sichuan: o soberbo navio de assalto anfíbio “porta-aviões” da Marinha Chinesa, com 40 mil toneladas, é o maior já construído e representa a ambição de se estabelecer como uma potência marítima
- “Maior ator de todos os tempos nas Forças Armadas, foi condecorado com a mais alta distinção civil, reconhecendo seu impacto cultural no aumento da popularidade dos porta-aviões e da própria Marinha americana”
- Forças Armadas da Rússia demonstra seu domínio militar ao neutralizar um caça F-16 de quarta geração, emblema da aviação dos EUA, em uma ação estratégica na Ucrânia
A versão de Daniel Duggan
Apesar das acusações, o ex-fuzileiro naval dos EUA, Daniel Duggan, nega qualquer irregularidade. Ele afirma que suas atividades eram conhecidas pelas autoridades norte-americanas e que seu trabalho focava no treinamento de pilotos civis, especialmente em um momento de crescimento acelerado do setor de aviação na China. “Eu nunca violei leis ou regulamentos dos EUA”, insiste Duggan, reforçando sua posição contra as acusações.
Segundo o procurador-geral da Austrália, Mark Dreyfus, Duggan teve a chance de apresentar argumentos contra a extradição. Contudo, após analisar todas as evidências e documentos apresentados, foi tomada a decisão final de entregá-lo às autoridades norte-americanas, reforçando a acusação de que ele teria treinado pilotos militares chineses.
Reação da família e possível condenação nos EUA
A família de Duggan, liderada por sua esposa, Saffrine Duggan, expressou forte indignação com a decisão. “Estamos arrasados e profundamente decepcionados”, declarou Saffrine. Ela também criticou a ausência de justificativas claras por parte do governo australiano. Caso seja condenado pelas acusações, o ex-fuzileiro naval dos EUA pode enfrentar uma pena de até 65 anos de prisão, um cenário alarmante para seus familiares e defensores.
“EUA e ex-cidadão: as controvérsias de Duggan e a violação do embargo de armas”
Duggan permanece sob custódia desde sua prisão em outubro de 2022. Ele havia retornado à Austrália após viver por seis anos na China. Documentos judiciais indicam que, em 2008, o Departamento de Estado dos EUA notificou Duggan sobre a necessidade de registrar suas atividades caso treinasse forças aéreas estrangeiras. Apesar disso, as acusações alegam que ele conspirou para violar um embargo de armas, atuando no treinamento de pilotos militares chineses.
As denúncias também mencionam a Test Flying Academy of South Africa (TFASA). Em comunicado à CNN, a empresa negou qualquer envolvimento ilegal, afirmando que Duggan atuou como piloto de testes em 2012 na África do Sul, mas não participou de projetos relacionados à China. Outro fato relevante é que Duggan renunciou à cidadania americana em 2016, com a documentação retroativa a 2012, ano em que se tornou cidadão australiano.
Um cenário político e jurídico complexo
Os advogados de Duggan afirmam que ele está sendo usado como um “peão político” nas crescentes tensões entre EUA e China. Em uma defesa de 89 páginas, destacaram que o caso representa intolerância a qualquer relação entre pilotos ocidentais e o setor de aviação chinês. Bernard Collaery, advogado de Duggan, classificou a decisão como reflexo de “sinofobia brutal” e criticou duramente o procurador-geral da Austrália por sua escolha, considerando-a um erro moral e estratégico para o país.
Contexto geopolítico e mudanças nas leis
A prisão de Duggan aconteceu em um momento de intensificação da cooperação entre EUA, Reino Unido e Austrália, com o pacto de segurança AUKUS, criado em 2021 para conter a influência da China na região do Pacífico. Desde então, os países envolvidos endureceram as regulamentações que restringem atividades sensíveis de ex-militares, especialmente no que diz respeito a interações com pilotos militares chineses.
O caso de Daniel Duggan exemplifica os desafios e dilemas que surgem quando questões legais e geopolíticas se entrelaçam. O papel do procurador-geral da Austrália nesse processo ilustra como decisões nacionais podem influenciar tensões globais, colocando o ex-fuzileiro naval dos EUA no centro de um conflito internacional em constante evolução.