A Rússia, mesmo sob sanções econômicas severas e pressão internacional, está superando toda a Europa na produção de armas e munições? Em apenas três meses, a indústria militar russa fabrica mais equipamentos do que o bloco europeu inteiro, e a cada seis meses, ultrapassa o arsenal completo das Forças Armadas da Alemanha. Essa realidade impressionante revela a força estratégica do país e um modelo econômico militarizado que desafia o Ocidente e cria novos riscos globais.
Como a Rússia consegue alcançar esse nível de produção, mesmo enfrentando sanções econômicas rigorosas? A resposta está no chamado keynesianismo militar, uma política que transformou profundamente a economia do país desde a invasão da Ucrânia, em 2022. Com isso, a Rússia priorizou massivamente o setor de defesa, direcionando mais de 40% de suas despesas federais para a produção de armas e munições, contra os 14% registrados anteriormente.
Estratégias militares aproximam Rússia e EUA na história
Desde o início do conflito na Ucrânia, a Rússia tem demonstrado uma capacidade impressionante de adaptar sua infraestrutura industrial às demandas militares. Regiões como os Urais foram rapidamente convertidas em centros de produção militar em larga escala. Esse nível de mobilização lembra a estratégia dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, quando fábricas civis, como a Ford, foram transformadas para produzir veículos militares e aviões, chegando a fabricar cerca de 9.000 bombardeiros B-24.
Rússia e EUA em estratégias econômicas contrastantes na guerra
Na Rússia, a centralização do poder econômico e político sob o comando de Vladimir Putin permitiu uma mobilização rápida e eficiente. No entanto, a comparação com os EUA revela diferenças significativas. Enquanto os americanos emergiram como uma superpotência econômica ao final da guerra, graças a uma ampla cooperação internacional, a Rússia enfrenta um cenário de isolamento econômico. Suas principais fontes de financiamento vêm da exportação de gás e petróleo para parceiros como China e Índia, que aproveitam a situação para exigir descontos significativos.
Outro aspecto crucial é a política de substituição de importações e a estatização de ativos estrangeiros, medidas que ajudam a sustentar a produção militar, mas limitam o crescimento econômico a longo prazo. Além disso, enquanto regiões industriais como Moscou e São Petersburgo prosperam, outras áreas, como a Sibéria e o norte do Cáucaso, permanecem marginalizadas, ampliando desigualdades regionais e criando potenciais tensões sociais.
Futuro econômico da Rússia e os riscos do Keynesianismo militar
Embora o keynesianismo militar tenha revitalizado setores industriais e reduzido o desemprego no curto prazo, ele apresenta desafios significativos para o futuro da Rússia. A dependência excessiva do setor de defesa cria um desequilíbrio econômico, dificultando investimentos em outras áreas produtivas.
Impacto do isolamento econômico russo e suas consequências sociais
Adicionalmente, o isolamento econômico da Europa reduz as opções de desenvolvimento do país. Produzir para mercados como China e Índia pode ser uma alternativa, mas esses países já possuem indústrias bem desenvolvidas e apoiam a Rússia apenas devido aos preços baixos de gás e petróleo.
Isso coloca a economia russa em um ciclo vicioso, onde a venda de commodities baratas financia a produção militar, mas limita o crescimento de setores civis. Enquanto a propaganda estatal vincula o crescimento econômico ao esforço de guerra, muitas famílias enfrentam perdas pessoais e condições de vida precárias.