O jovem Jeliton Araújo, de Paranavaí, uma cidade de interior no Paraná, cresceu sem a menor ideia de que poderia um dia integrar as Forças Armadas.
A cidade, sem unidade militar e com um contato limitado com o Exército Brasileiro, parecia não ter espaço para um sonho de carreira militar no Brasil. Mas, em 2019, algo mudou: durante o serviço militar obrigatório no Tiro de Guerra local, a história de Jeliton tomou um rumo inesperado e transformador.
Do ensino médio à descoberta da paixão
Após concluir o ensino médio em 2017, Jeliton iniciou a faculdade de Ciências Contábeis, mas a decisão ainda estava longe de ser definitiva. Até então, sua vida seguia sem grandes ambições de carreira e sem uma direção clara. Foi só quando começou a participar do Tiro de Guerra que a mudança começou a acontecer. De acordo com o próprio Jeliton, “eu não conhecia nada do Exército até então. Mas fiquei fascinado pelos instrutores e pela maneira como eles desempenhavam suas funções,” compartilhou, com um brilho de nostalgia nos olhos.
A descoberta de um novo caminho
A rotina no Tiro de Guerra abriu os olhos de Jeliton para uma realidade que até então lhe era totalmente desconhecida. Ele começou a se perguntar: o que faziam aqueles profissionais tão dedicados? Com o incentivo dos próprios instrutores, Jeliton foi conhecendo um universo que parecia inatingível. Recebeu informações sobre os concursos da Escola de Sargentos das Armas (ESA) e da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Eram o tipo de oportunidade que ele nem sabia que existia. Essa descoberta foi como um estalo que acendeu a chama da ambição.
Em janeiro de 2020, com a motivação renovada, Jeliton começou a correr na praia de Guaratuba, a entoar canções militares e a se preparar com afinco para os desafios que viriam pela frente. Então, trancou a faculdade e dedicou-se completamente aos estudos. Mas, como na maioria das histórias de superação, o caminho não foi fácil. Sua primeira tentativa de aprovação foi sobretudo frustrante. A ansiedade e o nervosismo, muitas vezes aliados ao medo do fracasso, se tornaram adversários implacáveis. A prova não foi favorável, e o jovem viu a primeira porta se fechar.
A persistência como chave do sucesso
Não era o fim, e Jeliton sabia disso. Em 2021, ele intensificou os estudos e decidiu tentar também a EsPCEx. Dessa vez, não foi aprovado na redação, mas a aprovação na prova da ESA foi a vitória que ele precisava para iniciar a carreira militar. A sensação de conquista, de saber que finalmente estava na trilha certa, foi indescritível. Desde então, sua trajetória o levou a diferentes estados, onde construiu amizades duradouras e desempenhou funções de liderança. Atualmente, serve no 61º Batalhão de Infantaria de Selva, onde já exerceu funções de comando. Além disso, foi instrutor em cursos fundamentais para a formação de novos soldados.
O próximo sonho: mais desafios e mais superação
Hoje, o Sargento Jeliton Araújo é mais do que um exemplo de determinação; ele é uma prova de que é possível transformar um sonho distante em realidade,. Até mesmo quando tudo ao redor diz o contrário. Mas ele não para por aí. O próximo objetivo de Jeliton é fazer o Curso de Operações na Selva e o curso de busca e salvamento da aviação do Exército, conhecido como SAR. “Desde que comecei, sempre quis me tornar um Guerreiro de Selva. Sigo o exemplo dos meus instrutores e o amor pelo país que eles me passaram,” afirma com a convicção de quem está pronto para a próxima batalha.
Fonte: Noticiário do Exército Brasileiro