Relatórios recentes apontam que o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, estaria utilizando o ouro venezuelano como moeda de troca para financiar atividades clandestinas e fortalecer alianças geopolíticas com países como Irã e Rússia.
Ouro para o Irã e financiamento do Hezbollah
Segundo investigações, toneladas de ouro teriam sido enviadas ao Irã como pagamento por assistência técnica e suprimentos para a indústria petrolífera venezuelana. Fontes afirmam que parte desse metal precioso foi utilizado para financiar operações do grupo Hezbollah no Oriente Médio, levantando suspeitas sobre vínculos entre o regime chavista e redes de terrorismo internacional.
No caso da Rússia, especula-se que o ouro tenha sido trocado por armamentos militares avançados. Essa estratégia teria como objetivo fortalecer o aparato militar do governo Maduro, aumentando o poder de repressão contra opositores internos e consolidando a presença de Moscou na América do Sul.
Em 2019, cerca de 20 toneladas de ouro foram transferidas para a Rússia em um avião de carga, em um episódio que gerou críticas e sanções econômicas por parte de países ocidentais. Essa operação, segundo especialistas, demonstra a dependência do governo venezuelano de parceiros estratégicos fora do eixo ocidental para sobreviver economicamente e se manter no poder.
Prisão do militar argentino
O caso do militar argentino Nahuel Agustín Gallo, preso em 8 de dezembro de 2024, provocou uma crise diplomática entre Argentina e Venezuela. Suboficial do Exército Argentino, Gallo foi detido na região de Táchira, próxima à fronteira com a Colômbia, enquanto tentava visitar sua esposa e filho, que residem na Venezuela para cuidar de um familiar enfermo.
Inicialmente acusado de espionagem, Gallo viu sua situação se agravar quando o regime venezuelano alterou as acusações para terrorismo, sem apresentar provas concretas. Apesar de portar toda a documentação exigida para entrar no país, incluindo uma carta convite oficial, sua prisão foi mantida, desencadeando protestos do governo argentino.
Resposta de Javier Milei e conflitos diplomáticos
O presidente argentino Javier Milei classificou a detenção como arbitrária e exigiu a libertação imediata de Gallo. Além disso, denunciou a situação como uma violação dos direitos humanos e um exemplo do autoritarismo do regime chavista.
Em resposta, Nicolás Maduro expulsou diplomatas argentinos e representantes de outros cinco países, aprofundando ainda mais o isolamento internacional da Venezuela. A tensão se intensificou após a invasão da embaixada argentina em Caracas, que estava sob proteção do Brasil e abrigava membros da equipe de María Corina Machado, líder da oposição venezuelana.
A invasão foi amplamente condenada por violar tratados internacionais que garantem a inviolabilidade de sedes diplomáticas, aumentando as preocupações sobre a segurança de opositores políticos na Venezuela.
Além dos conflitos diplomáticos, a Venezuela enfrenta uma crise econômica profunda, agravada por sanções internacionais e pelo colapso de suas indústrias. A dependência de parcerias controversas, como Rússia e Irã, fortalece as suspeitas de envolvimento do regime em atividades ilícitas, incluindo o tráfico de ouro.
Uso do ouro como recurso estratégico
A exportação clandestina de ouro tem sido vista como uma tentativa desesperada do governo para gerar recursos financeiros. Com a economia em colapso e a inflação em níveis alarmantes, Maduro aposta na venda desse recurso como forma de manter a máquina estatal funcionando e financiar seu aparato de segurança interna.
Os Estados Unidos impuseram um prazo até 10 de janeiro de 2025 para que Edmundo González, líder da oposição, assuma o governo da Venezuela. Essa medida é vista como uma tentativa de acelerar a transição política e desmantelar o regime chavista.
No entanto, Maduro rejeitou o prazo, acusando os EUA de interferência externa e conspiração para desestabilizar sua soberania. Esse impasse eleva o risco de confrontos violentos e medidas autoritárias por parte do governo, que já demonstrou disposição para agir contra opositores e críticos.
Implicações para a América do Sul e o mundo
A crise na Venezuela tornou-se um ponto de convergência para interesses geopolíticos conflitantes. Enquanto países como Rússia e Irã oferecem apoio ao regime chavista, os Estados Unidos e seus aliados pressionam por mudanças democráticas.
Essa polarização gera preocupações sobre a possibilidade de a Venezuela se tornar o epicentro de um conflito regional com ramificações globais. Especialistas alertam que, sem uma solução diplomática coordenada, o país pode enfrentar uma deterioração ainda maior de suas condições políticas, econômicas e sociais.
O futuro incerto da Venezuela
A combinação de isolamento internacional, sanções econômicas e alianças controversas coloca a Venezuela em uma posição delicada. O tráfico de ouro e as suspeitas de financiamento de atividades ilícitas reforçam a imagem de um regime disposto a tudo para se manter no poder.
O caso do militar argentino Nahuel Agustín Gallo é um exemplo preocupante de como a repressão política e as violações dos direitos humanos estão se tornando ferramentas comuns do governo Maduro.
Se a pressão internacional e as negociações diplomáticas não resultarem em mudanças concretas, a Venezuela poderá se afundar ainda mais em uma crise sem precedentes, com consequências imprevisíveis para a estabilidade da América do Sul.