No final de dezembro, a primeira aeronave F-16 Bloco 10 da Força Aérea Argentina chegou ao país. O Ministério da Defesa saudou a aquisição como a “mais importante” desde o “retorno à democracia” em 1982. Poucas semanas antes, os Gripens, fabricados pela Saab e pertencentes à Força Aérea Brasileira (FAB), estrearam em exercícios internacionais na CRUZEX 2024, liderada pelo Brasil. Essa estreia ocorreu dois anos após os caças suecos se juntarem oficialmente à aviação militar.
Desafios da modernização: países da América do Sul prioriza modernização aérea
Argentina e Brasil não estão sozinhos na busca por aeronaves de combate mais capazes. Nações como Peru e Uruguai assinaram ou estão considerando novos acordos recentemente. Essa não é uma corrida armamentista aérea na América do Sul, que não vê uma guerra interestatal desde 1995. Em vez disso, é uma corrida contra a obsolescência, conforme especialistas. Para qualquer nação que não se chame Brasil, essa corrida é limitada por orçamentos apertados no Ministério da Defesa.
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As aviações militares regionais precisam modernizar seus inventários e treinar seu pessoal para operar tecnologias mais novas. Isso deve ocorrer “dentro das possibilidades econômicas de cada país”, explicou o brigadeiro-general aposentado argentino Jorge Antelo. Embora a ameaça de guerra seja baixa, as aeronaves ainda atuam como dissuasores e auxiliam nas operações antidrogas. Andre Carvalho, pesquisador de doutorado na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro, afirmou que as aeronaves de combate “são um grande símbolo do poder pesado de um Estado e ressaltam o comprometimento de um governo em defender a soberania do país”.
A Argentina operou sem uma aeronave de combate primária por quase uma década. Agora, após muitas negociações e falsos começos, Buenos Aires recebeu o primeiro de 25 F-16s (incluindo uma aeronave de treinamento) anteriormente operados pela Força Aérea Dinamarquesa. O contrato, que custa cerca de US$ 40 milhões em Financiamento Militar Estrangeiro dos EUA.
Aviação militar Argentina recebe primeiro F-16 e assina acordos tecnológicos com os EUA
O primeiro F-16 recebido pela aviação militar Argentina, a aeronave de treinamento, foi bem recebido pela força aérea local. Segundo Andrei Serbin Pont, analista e diretor do centro de pesquisa argentino CRIES, a aeronave “dá ao serviço uma ideia do status do restante da frota”. Em dezembro, a Argentina também assinou uma Carta de Acordo com os EUA para equipamentos americanos avançados para os novos caças. Antelo, que recentemente atuou como secretário de estratégia nacional da Argentina, afirmou que esses acordos sinalizaram um marco tecnológico para os militares.
Serbin Pont observou que os F-16 não resolverão todos os problemas da força aérea argentina. A força ainda opera o Douglas A-4 Skyhawk, que, segundo Serbin Pont, não está voando e não tem “nenhuma função” nas operações atuais. A Argentina também utiliza sua aeronave de ataque leve IA-63 Pampa e aeronaves de combate de fabricação nacional. A fabricante local do Pampa, FADEA, está desenvolvendo uma nova versão da aeronave de ataque leve Pucará, chamada Pucará Fénix. Contudo, essa nova versão permanece em nível de protótipo.
Ministério da Defesa e FAB enfrentam desafios de modernização das forças aéreas para combater a obsolescência e reforçar a segurança regional
O Brasil enfrenta uma situação semelhante. O ministério da defesa com a FAB está adquirindo uma grande frota de Gripens, mas ainda precisa atualizar aeronaves acompanhantes mais antigas. “A frota de Gripens não é suficiente para substituir o número antigo de F-5s e A-1s”, afirmou Serbin Pont, referindo-se aos F-5EM e aos jatos de ataque AMX A1 brasileiros-italianos. Brasília está atualizando sua aviação militar com a aeronave de ataque leve A-29 Super Tucano para operar com o Gripen. Porém, Carlos Eduardo Valle Rosa, coronel da reserva da Força Aérea Brasileira, disse que estudos estão em andamento para determinar a melhor maneira de substituir o F-5 e o A-1.
Além da Argentina e do Brasil, algumas nações menores da América do Sul estão atentas às atualizações, se puderem pagar. O Peru atualmente opera aviões de guerra Dassault Mirage 2000, comprados originalmente na década de 1980. O chefe da Força Aérea Peruana, Gen. Carlos Enrique Chávez Cateriano, declarou em outubro de 2024: Paraguai e Uruguai, embora com preços muito menores. Nesses casos, cada país concordou em comprar seis Super Tucanos da Embraer do Brasil.