De acordo com as informações, a possível aquisição foi discutida durante a recente visita à Turquia de uma delegação liderada pelo vice-ministro da Defesa saudita Khaled bin Hussein Al-Biyari e pelo comandante da Real Força Aérea Saudita, Turki bin Bandar Al Saud. A delegação se reuniu com representantes da Roketsan, Turkish Aerospace Industries e Aselsan.
No entanto, não há confirmação oficial de nenhuma das partes envolvidas sobre a possível compra. Em um comentário posterior às primeiras informações publicadas no LinkedIn, Steve Trimble, da Aviation Week, escreveu que “a Arábia Saudita não disse uma única palavra” sobre este acordo e que “duvido muito que ele esteja perto de ser concretizado”. De fato, o caça Kaan ainda está na fase de protótipo, e a produção em série ainda não começou.
Os novos caças Kaan consolidariam e complementariam a já robusta frota de caças da Real Força Aérea Saudita (RSAF). O novo acordo também marcaria uma mudança em relação à tradicional dependência da Arábia Saudita de equipamentos militares norte-americanos e europeus.
Além disso, a Arábia Saudita está buscando fortalecer sua capacidade de produção de defesa nacional e, ao mesmo tempo, estabelecer sólidas alianças internacionais como parte de sua estratégia “Visão 2030”. A aquisição de 100 aviões Kaan estaria alinhada com este objetivo.
Vale destacar que a RSAF também encomendou os drones turcos Bayraktar Akinci MALE (Medium Altitude Long Endurance) em 2023, e a Baykar afirmou que o acordo foi “o maior contrato de exportação de defesa e aviação na história da República da Turquia”.
O TAI Kaan: o caça de quinta geração que pode revolucionar a força aérea da Arábia Saudita
O Kaan, que pretende substituir a frota turca de 240 caças F-16 até a década de 2030, é uma plataforma avançada com importantes semelhanças com os caças de quinta geração de outras nações, como o F-22, o F-35, o J-35 e o Su-57.
A aeronave, apresentada em 2019, entrou em serviço em março de 2023 e realizou seu primeiro voo em fevereiro de 2024, mas ainda está em fase de desenvolvimento.
Os detalhes sobre as especificações do Kaan são limitados, mas estima-se que ele possa atingir uma velocidade máxima de Mach 1,8 e um teto operacional de 55.000 pés. Outros parâmetros de desempenho ainda não foram divulgados. Entretanto, sabe-se que a aeronave possui um peso máximo de decolagem (MTOW) de 60.000 libras.
Está previsto que a Força Aérea Turca receba os primeiros 20 caças KAAN Block 10 em 2028. Inicialmente, os Kaan serão impulsionados por dois motores General Electric F-110-GE129, os mesmos que equipam os F-16C turcos Block 50, fornecendo um empuxo de 58.000 libras. A TAI planeja substituí-los por motores autóctones no futuro, conferindo à aeronave capacidade de supercruzeiro.
De acordo com a mídia turca, sem os novos motores, o Kaan não pode ser classificado como um caça de quinta geração, mas sim como um caça de “geração 4.75”, colocando-o um nível acima do Eurofighter Typhoon e do Dassault Rafale, mas ainda um nível abaixo do F-35. Os mesmos relatórios também afirmam que, sem os novos motores, o Kaan poderia ser considerado equivalente ao KF-21 da Coreia do Sul.
No entanto, também é verdade que a definição de “geração” perdeu parte de seu significado original e não reflete necessariamente as capacidades reais das aeronaves, o que leva ao risco de uso excessivo do termo “geração”.
De qualquer forma, o Kaan foi projetado para se integrar perfeitamente com os ativos existentes da Força Aérea Turca, bem como com plataformas avançadas, como o F-35, caso a Turquia seja readmitida no programa JSF.
O desenvolvimento do Kaan representa um dos programas mais ambiciosos da Turquia nos últimos anos. Embora a indústria turca tenha demonstrado sua capacidade em diversas áreas, como o design e a produção de drones e a fabricação licenciada de diferentes tipos de aeronaves, a criação de um caça de quinta geração totalmente autóctone apresenta um grande desafio.
A frota atual da RSAF
Ao manifestar disposição para comprar o Kaan, a Arábia Saudita também pode estar sinalizando a Washington que possui alternativas ao programa F-35, exercendo pressão política sobre os Estados Unidos. Esse mesmo raciocínio poderia explicar o suposto interesse dos Emirados Árabes Unidos no caça J-20 chinês, relatado no início deste ano.
A poderosa frota de caças da Real Força Aérea Saudita atualmente inclui 231 unidades do F-15C/D/S/SA, 81 Panavia Tornado IDS e 71 Eurofighter Typhoon.
Há também relatos de que a Arábia Saudita está em negociações com a fabricante francesa Dassault para um possível pedido de caças Rafale. Embora a empresa tenha confirmado a existência dessas conversas, nenhum acordo foi formalizado até o momento.