Disney recua de agenda “woke” e busca reconquistar público: o que está por trás dessa decisão estratégica contra a chamada “lacração”?
A Disney, uma das maiores empresas de entretenimento do mundo, anunciou um movimento surpreendente em sua abordagem criativa contra a chamada agenda woke. Trata-se de um distanciamento das agendas sobretudo políticas e sociais que marcaram seus conteúdos nos últimos anos.
Sob a liderança de Bob Iger, CEO da companhia, a nova estratégia visa principalmente priorizar o entretenimento e restaurar a conexão com um público cada vez mais dividido por questões culturais e ideológicas. Mas o que levou a Disney a essa reavaliação de prioridades, e quais são as implicações desse reposicionamento para a indústria do entretenimento? Será o fim da “lacração”?
Um retorno ao foco no entretenimento
Bob Iger, em várias declarações públicas, deixou claro que a Disney buscará afastar-se de controvérsias políticas e culturais para se concentrar no que sempre foi seu principal objetivo: entreter. Durante a reunião anual de acionistas, realizada em abril de 2024, Iger afirmou que o papel da empresa é “entreter, antes de tudo”. Além disso, o CEO afirmou que “não é trabalho da Disney promover qualquer tipo de agenda”. Essa mudança de postura reflete uma tentativa sobretudo de abordar críticas de diferentes segmentos da sociedade e reorientar o foco da companhia.
Ao longo de 2023 e 2024, Iger reforçou essa mensagem em outros momentos. Em um evento da DealBook, o CEO destacou que “os criadores perderam de vista qual deveria ser seu objetivo número um: entreter.” Iger usou exemplos de sucessos como Pantera Negra e Coco para mostrar que é possível abordar temas inclusivos sem comprometer a diversão e a qualidade da narrativa.
Conflitos e perdas: a batalha com a Flórida
Parte do reposicionamento da Disney também é uma resposta às controvérsias que envolveram a empresa nos últimos anos. Um exemplo marcante foi o confronto com o governador da Flórida, Ron DeSantis, relacionado à chamada lei “Don’t Say Gay”. O conflito culminou na perda do status tributário especial da Disney no estado, o que gerou prejuízos financeiros e manchou sua reputação.
Além disso, a inclusão de personagens LGBTQ+ em produções como Lightyear e Elemental enfrentou reações polarizadas, assim como a escolha de uma atriz negra para interpretar Ariel no remake de A Pequena Sereia. Críticos, especialmente em círculos conservadores, acusaram a Disney de priorizar uma “agenda woke”, em detrimento do entretenimento. A empresa, por sua vez, defendeu as decisões como parte de seu compromisso com a diversidade e inclusão.
Com a nova estratégia, mudanças já começaram a ser implementadas. Um exemplo é a decisão de descartar um enredo com um personagem trans na série animada Win or Lose. De acordo com Iger, a prioridade será evitar narrativas que possam dividir o público, enquanto elementos culturais e sociais continuarão a ser integrados de forma mais cautelosa.
Sob a liderança de Bob Iger, o equilíbrio entre entretenimento e inclusão pode ser a chave para um futuro mais sólido e conectado com seu público.