Não é ficção científica: cientistas acabam de encontrar a prova definitiva de que Marte já teve água líquida em sua superfície. A descoberta, publicada no periódico Science Advances, revela ondulações microscópicas em rochas marcianas que só poderiam ter sido formadas pela ação de água e vento há aproximadamente 3,7 bilhões de anos.
O DNA da água
As marcas encontradas são minúsculas – apenas 6 milímetros de altura e espaçadas de 4 a 5 centímetros – mas contam uma história gigantesca: indicam a existência de um lago raso, com profundidade não superior a 2 metros, em condições que poderiam ter sustentado vida microbiana.
As ondulações foram identificadas na região da cratera Gale por meio do rover Curiosity, da NASA, em 2022. “O formato das ondulações só poderia ter se formado sob a água, que estava aberta à atmosfera e influenciada pelo vento”, revelou Claire Mondro, pesquisadora de pós-doutorado do Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech) e primeira autora do estudo.
Os dados sugerem que esses corpos d’água permaneceram em estado líquido por longos períodos, indicando um clima marciano no passado com temperaturas mais altas e uma atmosfera mais espessa do que a atual. De acordo com o geólogo Michael Lamb, coautor do estudo, “modelos computacionais baseados nessas ondulações indicam a presença de um lago raso, com profundidade não superior a dois metros”.
Pistas de habitabilidade microbiana
Descobrir que Marte teve água líquida é uma pista crucial para a busca de vida extraterrestre. “Estender o período de tempo em que a água líquida esteve presente também estende as possibilidades de habitabilidade microbiana mais tarde na história de Marte”, pontuou Mondro. Essas condições podem ter criado ambientes ideais para o desenvolvimento de microrganismos, mesmo que de forma efêmera, durante uma época em que o planeta era mais quente e mais dinâmico.
Uma década de busca
Além de trazer pistas sobre o passado marciano, a descoberta também tem um impacto direto na preparação de futuras missões humanas ao planeta. A presença de água — mesmo que em forma de gelo ou vestígios minerais — é essencial para sustentar explorações a longo prazo, servindo como recurso para produção de oxigênio, água potável e até mesmo como fonte de hidrogênio para combustíveis.
“A descoberta de ondulações de ondas é um avanço importante para a ciência paleoclimática de Marte”, celebrou John Grotzinger, professor de geologia do Caltech. “O rover Curiosity descobriu evidências de lagos antigos de longa duração em 2014 e agora, 10 anos depois, descobriu lagos antigos que estavam livres de gelo, oferecendo uma visão importante sobre o clima inicial do planeta.”
Missão: Marte
A descoberta tem implicações práticas cruciais para futuras missões tripuladas ao planeta vermelho. A água não seria apenas vital para a sobrevivência dos astronautas – para beber e produzir oxigênio – mas também poderia ser convertida em combustível para foguetes.
O estudo, noticiado pelo site Earth.com, sugere que Marte manteve condições climáticas favoráveis à água líquida por muito mais tempo do que se imaginava, ampliando as possibilidades de encontrar vestígios de vida antiga no planeta.