O comandante das Forças Militares Terrestres da Ucrânia, Mykhailo Drapatyi, reconheceu, em coletiva de imprensa no dia 6 de janeiro, sérios desafios enfrentados pela 155ª Brigada Mecanizada “Anna de Kyiv”. A unidade, treinada pela França e considerada um projeto de destaque na reestruturação militar do país, sofreu com altas taxas de deserção e má gestão, o que comprometeu sua eficiência.
Formada com o apoio de parceiros ocidentais, a brigada foi planejada para contar com cerca de 5.800 soldados e receber treinamento e armamentos avançados da França. Contudo, de acordo com uma investigação do jornalista Yurii Butusov, do portal ucraniano Censor.net, menos de 2.000 soldados completaram o treinamento no exterior. Além disso, problemas organizacionais e falhas na entrega de equipamentos essenciais, como drones e ferramentas de guerra eletrônica, prejudicaram a capacidade operacional do grupo.
Segundo Drapatyi, as deserções, que alcançaram 1.700 casos, são atribuídas ao medo e à falta de experiência em combate. Dados divulgados pela investigação apontam que, entre os soldados enviados à França, apenas 51 possuíam mais de um ano de serviço militar, enquanto 1.414 tinham menos de dois meses de experiência. “Há muitas razões para o abandono não autorizado de unidades, incluindo o medo e a falta de prática em operações de combate”, afirmou o general.
O comandante também confirmou que as dificuldades não se limitam ao comportamento dos soldados, mas incluem problemas de liderança e na preparação da brigada. Ele assegurou que medidas estão sendo tomadas para corrigir os erros. “Confirmo que havia questões problemáticas com o estado-maior e o processo de treinamento, e todas estão sendo resolvidas agora”, declarou Drapatyi.
Apesar dos desafios, Drapatyi se mostrou confiante sobre o futuro da 155ª Brigada. Ele enfatizou que o grupo continua combatendo e causando perdas significativas ao inimigo. O caso, no entanto, aumenta a pressão por reformas na liderança militar ucraniana, especialmente diante da intensificação do conflito com a Rússia e da aproximação das forças russas à cidade de Pokrovsk.
A situação reforça o impacto das deficiências de planejamento e execução dentro das Forças Armadas ucranianas, destacando a necessidade de adaptação e reavaliação das estratégias militares do país em meio à guerra.
Com informações de: kyivindependent