A confirmação de Pete Hegseth como Secretário de Defesa pelo Senado dos Estados Unidos causou polêmica não apenas no cenário político, mas também dentro da própria comunidade militar. Veterano do Exército e ex-apresentador da Fox News, Hegseth foi aprovado com uma margem estreita de 51 a 49, em meio a intensas críticas e dúvidas sobre sua capacidade de liderar o Pentágono.
Passado de Pete Hegseth é questionado pela oposição
Hegseth, apesar de ser um ex-militar condecorado com a estrela de bronze, é um nome cercado por controvérsias. Durante o processo de nomeação, políticos democratas e independentes trouxeram à tona uma série de alegações de conduta pessoal inadequada, incluindo agressão sexual e abuso emocional contra sua ex-esposa.
A falta de experiência em gestão foi um dos principais pontos levantados pela oposição. Diferentemente de outros secretários de Defesa, que normalmente têm extensos currículos em comando militar ou administração pública, Hegseth nunca ocupou cargos de alta relevância na estrutura militar ou governamental. Ele serviu nas bases do Exército, sempre na ponta da linha, chegando ao posto de major, considerado como o primeiro posto de oficial superior — algo que para militares de alta patente é visto como desonroso, uma espécie de afronta.
A reação da caserna norte-americana
A nomeação de Hegseth gerou divisões de opinião profundas dentro das Forças Armadas, mas não deve gerar ações ou reclamações por conta da disciplina da tropa. Sua trajetória, que de fato se limita a posições de menor prestígio no Exército, contrasta fortemente com a de outros líderes do Pentágono, geralmente oriundos de altos postos hierárquicos.
Para alguns militares, especialmente aqueles que defendem a tradição e a hierarquia, a ausência de patentes elevadas em seu histórico soa como uma afronta. Mas, de acordo com o que se percebe em redes sociais de militares dos EUA, o fato de Hegseth ser um nome fora desse padrão consolidado reforça as críticas de que sua escolha foi mais política do que técnica.
A Divisão no Senado
O ex-militar é produtor de um documentário chamado “The Miseducation of America“, que é extremamente popular nos Estados Unidos, onde acusa os progressistas de retirarem Deus das escolas, substituindo-o por socialismo e marxismo.
A votação apertada no Senado reflete o quanto o nome de Hegseth dividiu opiniões. Senadoras republicanas como Lisa Murkowski e Susan Collins se uniram à oposição, argumentando que os problemas éticos e a falta de preparo do indicado colocavam em risco a integridade do Pentágono. Por outro lado, os aliados de Trump no Senado justificaram o apoio com base em uma revisão do arquivo do FBI e conversas diretas com Hegseth, alegando que ele seria capaz de cumprir o papel de Secretário de Defesa.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar