Explorar as diferentes regiões da Antártica, um continente isolado e pouco conhecido, pode fornecer respostas cruciais para questões contemporâneas. Nesse contexto, os cientistas brasileiros, com o suporte da Marinha do Brasil (MB), atuam no ambiente austral, desvendando enigmas ambientais, sociais e tecnológicos. Este cenário enfrenta sérios problemas devido às mudanças climáticas globais.
Estudo da Antártica: o desvendamento de enigmas ambientais e o papel da Marinha do Brasil
Essas mudanças afetam os organismos que vivem na Antártica, muitos dos quais são endêmicos, ou seja, só existem nessa região. Por esse motivo, o grupo de pesquisa liderado pelo professor Luiz Henrique Rosa, doutor em Microbiologia na Universidade Federal de Minas Gerais, estuda esses organismos como sentinelas dos efeitos das variações climáticas. Segundo Luiz Rosa, dependendo desses impactos, o Brasil pode enfrentar pragas agrícolas e até doenças, pois muitos organismos permanecem congelados e dormentes na Antártica. “O conhecimento da biologia destes organismos pode nos dar vantagens preventivas caso surja algum problema devido ao inevitável aquecimento da região”, enfatizou o pesquisador.
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Prof. Dr. Luiz Henrique Rosa em campo (à esquerda) e Pesquisadores na Estação Antártica Comandante Ferraz
O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR)
A pesquisa é parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que celebra 43 anos de atuação. Sob a coordenação da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), da MB, o PROANTAR é fundamental para o Brasil se destacar nos estudos sobre a Antártica e seus fenómenos naturais, que repercutem em todo o planeta. O programa tem como objetivo entender fenômenos com impacto global e garantir a participação brasileira nos processos decisórios sobre o Continente Branco.
Estação Antártica Comandante Ferraz
Para apoiar essas investigações, a Marinha do Brasil mantém a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), em operação há 41 anos. Localizada na Ilha Rei George, a EACF abriga militares e pesquisadores focados em decifrar os enigmas do ecossistema antártico. A estação comporta até 64 pessoas e oferece instalações de alta qualidade, favorecendo pesquisas em um ambiente seguro e sustentável.
Com o apoio da EACF, o grupo de Luiz Rosa também investiga os organismos da Antártica como potenciais desenvolvedores de bioprodutos. “Alguns deles já mostraram capacidade de produzir herbicidas naturais, úteis no agronegócio para controle de pragas”, comentou o professor.
A 43ª Operação Antártica (OPERANTAR)
Recentemente, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar deu início à 43ª Operação Antártica (OPERANTAR XLIII), com o apoio da Marinha a 24 projetos de pesquisa, envolvendo 171 pesquisadores. Entre os estudos, um deles analisa a relação da sociedade com a Antártica, abrangendo temas como políticas internacionais e exploração econômica de recursos naturais.
O papel da Marinha é crucial na logística e segurança das investigações. O Capitão Alessander Carneiro, do PROANTAR, destaca que a MB utiliza navios como o “Ary Rongel” e o “Almirante Maximiano” para garantir o apoio necessário durante o verão austral, quando as condições de navegação são favoráveis.
Interesses e futuros investimentos do Brasil
O PROANTAR é fundamental na implementação da Política Nacional para Assuntos Antárticos, refletindo o interesse do Brasil em exercer influência nas altas latitudes do Hemisfério Sul. Em breve, a MB receberá um novo navio, o “Almirante Saldanha”, que substituirá o “Ary Rongel”. Este novo navio será crucial para melhorar o abastecimento da EACF e ampliará o suporte às pesquisas na região.