Lula prometeu mais transparência
Começando pela verdade nua e crua: as promessas de transparência de Lula, feitas durante a campanha, parecem cada vez mais distantes da prática. Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2023, o governo tem se envolvido em uma série de controvérsias, principalmente envolvendo o uso de sigilos e os gastos com cartões corporativos. Os gastos com cartão, ao invés de diminuir, conforme prometeu o governo, aumentaram desde a gestão anterior. E, pior: mesmo após quase dois anos, a tal transparência prometida ainda não se materializou de fato, com Lula ainda mantendo o sigilo de 100 anos sobre os gastos com cartão corporativo.
O aumento dos gastos, continuidade do sigilo
Logo de cara, Lula deixou claro que pretendia acabar com os abusos dos sigilos prolongados. Em uma postagem no X, antigo Twitter, Lula escreveu: “No primeiro dia de governo, nós vamos fazer um decreto para acabar com o sigilo de 100 anos. O povo deve ver o que estão escondendo”, escreveu Lula, em uma rede social.”.
Entre janeiro de 2023 e outubro de 2024, os gastos com o cartão corporativo do governo Lula somaram impressionantes R$ 38,3 milhões. Trata-se de um aumento de 9% em relação ao governo Bolsonaro. As justificativas para esses gastos incluem, principalmente, as viagens internacionais de Lula, que passou 63 dias fora de Brasília só em 2023. Mas, como fica claro, a prática de sigilo dos 100 anos e os gastos altos continuam, contrariando as promessas feitas pelo próprio Lula.
Ainda pior: a Lei de Acesso à Informação (LAI), que deveria garantir a transparência, foi usada com mais frequência para negar o acesso a dados importantes no governo Lula. Isso é especialmente verdade em arquivos classificados como “dados pessoais”. Entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024, as negativas aumentaram 8,4% se comparadas ao governo anterior.
O que Lula prometeu vs. o que realizou
Na campanha, Lula criticou pesadamente o uso excessivo de sigilos, especialmente os de 100 anos. Durante debate com Bolsonaro, Lula disse: “Se é bom, não precisa esconder”. Posteriormente, Lula até se comprometeu a abolir os sigilos de 100 anos no primeiro dia de seu mandato, com a intenção de abrir o governo e promover a transparência. No entanto, o que se vê até agora é bem diferente. Em vez de mudanças, o que se vê é a continuidade de um modelo de governo opaco, com documentos sigilosos sobre questões relevantes. Esses documentos incluem até mesmo a lista de visitantes da primeira-dama Janja e os nomes dos militares envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.
Assim, as promessas de transparência se dissiparam no ar, dando lugar a uma nova onda de sigilos.
Uma das maiores polêmicas é a manutenção do sigilo sobre a lista de visitantes da residência de Janja, esposa de Lula. Mesmo que não ocupe um cargo público, Janja exerce funções de relevância pública, o que levanta questionamentos sobre a necessidade de sigilo. O governo alegou questões de segurança,. Contudo, de acordo com especialistas, essa justificativa é frágil, principalmente quando se sabe que tais informações não representam nenhum risco imediato à segurança nacional.
Outro ponto de crítica é o caso do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O órgão, responsável pelo Enem, foi palco de 702 negativas de sigilo relacionadas ao exame. A justificativa, novamente, foi a proteção de dados sensíveis, mas para muitos, isso só reforça a contradição em relação ao compromisso com a transparência.
Lula prometeu mas não cumpriu – não surpreendentemente
O governo Lula se vê agora diante de uma contradição clara: enquanto fala em transparência e em acabar com os sigilos excessivos, as ações não correspondem ao discurso. A manutenção de sigilos prolongados, os gastos elevados com cartões corporativos e a falta de mudanças palpáveis geram uma crescente insatisfação.
O governo se encontra em uma situação desconfortável, onde a realidade vai ficando cada vez mais distante das promessas feitas durante a campanha. Resta saber quanto tempo essa discrepância será tolerada pela opinião pública e quando o governo realmente tomará medidas concretas para cumprir o que prometeu.