O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um memorando determinando que a base naval de Guantánamo Bay, em Cuba, seja preparada para receber até 30 mil imigrantes ilegais deportados. A medida faz parte de uma série de ações voltadas ao controle da imigração e foi justificada como uma resposta ao aumento da população em centros de detenção nos EUA. A informação foi divulgada por “Hoje no mundo militar”.
A decisão também foi motivada pela dificuldade do governo americano em repatriar imigrantes para seus países de origem. Recentemente, a Colômbia recusou-se a receber dois aviões militares transportando deportados. Trump alegou que muitos dos detidos são considerados perigosos e que, por questões diplomáticas ou de segurança, não podem ser enviados de volta a seus países.
O recém-empossado secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, defendeu a decisão, afirmando que Guantánamo seria o local ideal para manter os migrantes até que fossem deportados. Ele também destacou que a infraestrutura da base pode ser ampliada rapidamente para atender à nova demanda.
Guantánamo: prisão controversa que desafia direitos humanos
A base naval de Guantánamo Bay é mantida pelos Estados Unidos desde 1903, mas ficou mundialmente conhecida em 2002, quando a administração Bush a transformou em um centro de detenção para suspeitos de terrorismo. Desde então, o local tem sido alvo de críticas por violações de direitos humanos, incluindo tortura e detenções sem julgamento.
A instalação inclui complexos de detenção como os infames campos X-Ray, Delta e Echo, utilizados para manter suspeitos em confinamento rigoroso. Organizações de direitos humanos denunciaram práticas como privação de sono, interrogatórios extremos e falta de acesso à justiça.
Atualmente, a base opera com um número reduzido de prisioneiros, mas a nova ordem de Trump pode reativar sua utilização em larga escala. Para receber milhares de imigrantes, será necessário um grande investimento na ampliação da infraestrutura, o que pode gerar custos bilionários.
Repercussão e desafios diplomáticos
A decisão de Trump gerou reações imediatas de grupos de direitos humanos, que alertam para o risco de criar uma “zona sem supervisão legal”, onde os migrantes poderiam ficar detidos sem acesso à defesa jurídica adequada. Especialistas temem que a medida possa equiparar a imigração ilegal ao terrorismo, reforçando estigmas.
Além disso, a presença americana em Guantánamo é um tema sensível nas relações com Cuba. Desde a Revolução Cubana, o governo de Havana considera a base uma ocupação ilegal e exige a devolução do território. A nova política pode reacender tensões entre os dois países.
A utilização de Guantánamo como centro de detenção de imigrantes representa uma mudança radical na política migratória dos EUA. Enquanto o governo argumenta que a medida é necessária para garantir a segurança nacional, os impactos humanitários e diplomáticos continuam gerando intensos debates.