O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou recentemente que a Ucrânia possui 980.000 pessoas em suas Forças Armadas. Isso colocaria o Exército da Ucrânia como o maior de toda Europa.
De acordo com Zelensky, falando em uma entrevista ao podcaster americano Lex Fridman, “o exército ucraniano é o maior da Europa. O segundo lugar depois de nós (França) é quatro vezes menor que nós. Acho que os franceses têm cerca de 200.000. Nós temos 980.000.”
Embora impressionante, essa declaração precisa de contexto. A Rússia, que tecnicamente também faz parte do continente europeu, mantém um efetivo militar que já ultrapassava 1 milhão no início da invasão. Além disso, Vladimir Putin planeja aumentar esse efetivo para 1,5 milhão. Comparada à Rússia, a Ucrânia ainda enfrenta uma desvantagem numérica significativa, sem mencionar a diferença abissal em termos de recursos e tecnologia militar.
Problemas de mobilização e demografia
Mesmo com o número impressionante, a Ucrânia enfrenta sérios desafios para sustentar todo esse exército. De acordo com analistas, há uma escassez de mão de obra qualificada nas linhas de frente. Esse problema está diretamente ligado à demografia do país e a um processo de mobilização sobretudo desorganizado.
Em 2024, a Ucrânia reduziu a idade mínima para mobilização de 27 para 25 anos. No entanto, se recusou a seguir os apelos de parceiros internacionais para baixá-la ainda mais, para 18 anos. Essa resistência reflete tanto preocupações sociais quanto políticas internas. Afinal, mobilizar jovens de 18 anos, muitos dos quais ainda estão em formação, seria um golpe difícil de justificar para uma população já exausta pela guerra.
A questão da mobilização também trouxe à tona críticas internacionais sobre como o governo ucraniano gerencia os esforços de recrutamento. Denúncias de recrutamentos forçados em áreas rurais e de pressão sobre comunidades mais vulneráveis alimentaram o descontentamento interno.
Polêmicas e limitações na linha de frente
Embora os números do exército sejam impressionantes no papel, eles nem sempre se traduzem em capacidade operacional plena. Muitos soldados são voluntários com treinamento limitado. Além disso, a escassez de equipamentos modernos continua sendo um problema sério.
Para piorar, a superioridade numérica da Rússia em artilharia e aviação mantém as forças ucranianas em constante desvantagem estratégica, principalmente em regiões como o Donbass e Zaporizhzhia. O número de 980.000 soldados, embora significativo, não necessariamente representa uma força bem-equipada ou uniforme em termos de treinamento e capacidade.
Assim, a afirmação de que o exército ucraniano é o maior da Europa soa mais como uma tentativa de elevar a moral do que um reflexo da realidade. Embora impressionante, o número de 980.000 soldados esconde desafios logísticos, demográficos e estratégicos que continuam a ameaçar a capacidade do país de resistir a longo prazo.