Depois das declarações da Dra Janaina em evento de lançamento da candidatura de Bolsonaro cresceram as menções e questionamentos sobre o assunto. Republicado a pedido: Janaina PASCHOAL responde à Revista Sociedade Militar sobre “pedido de intervenção MILITAR”.
“Eu acredito que as Forças Armadas são muito importantes e que estão muito conscientes de seu papel constitucional.”
Recebemos alguns e-mails e mensagens por redes sociais informando que a jurista Janaina Pascoal, uma das autoras do pedido de Impeachment que atualmente tramita no SENADO, teria dito que protocolaria “pedido de intervenção militar”.
Nas redes sociais a informação tem sido replicada indiscriminadamente.
Como sempre, a revista Sociedade Militar investigou o assunto.
No Google, ao se digitar o nome “Janaina Pascoal” associado à palavra “militares”, alguns dos primeiros resultados trazem textos como: Janaina Paschoal pode pedir Intervenção Militar e Janaina Paschoal Pode Protocolar Pedido De Intervenção Militar. Contudo, pelo que verificamos, as informações são veiculadas por mídias que não produzem conteúdo, se limitando a replicar textos de outros sites, tendo como única distinção modificar os títulos, trocando-os por frases sensacionalistas, com o claro objetivo de atrair cliques e compartilhamentos.
Essas mídias se aproveitam da euforia de ativistas “de direita” desatentos, que sem sequer ler, replicam todas as informações que apresentam um título que coincida com suas aspirações. (Já advertimos sobre como fazer política nas redes. Não seja um idiota útil de DIREITA. veja aqui)
Alguns sites apenas alegam ter replicado trechos de entrevista concedida à FECOMERCIO. Assistimos à referida entrevista e não encontramos qualquer menção à chamada “intervenção militar”. Destacamos um trecho importante, em que a jurista deixa claro que acredita que as regras existentes devem ser cumpridas, “era muito importante fazer as mudanças dentro das regras, pra gente não abrir um precedente…”, disse.
Em outra entrevista, concedida à BBC BRASIL, a jurista foi questionada sobre intervenção militar e deixou bem claro o seu posicionamento.
Veja abaixo.
BBC Brasil – Como avalia a participação de grupos que defendem a intervenção militar nos protestos antigoverno?
Janaina Paschoal – Acho que é falta de perceber que, de todos os regimes, o melhor é a democracia, e que defender uma ditadura é uma visão estreita. Não gosto de ditadura, nem de direita e nem de esquerda, nem militar nem civil. Não é um discurso que me agrada, assim como não me agrada o discurso marxista de querer também fechar aqui, e virar uma Cuba. Defendo o direito de as pessoas falarem o que quiserem. Não é porque não concordo que vou condenar.
A resposta acima deixa claro que Janaina Paschoal não defende uma intromissão dos militares na política. Como nós, ela defende o direito de livre expressão e manifestação.
A Revista Sociedade Militar questionou a jurista sobre a divulgação em vários sites de supostas declarações suas. Como acima mencionado, segundo algumas mídias ela teria dito que se o impeachment fracassar protocolaria um pedido de “intervenção militar”.
Revista Sociedade Militar: A senhora confirma a informação que diz que protocolaria um “pedido de intervenção”?
Caso tenha respondido negativamente à primeira pergunta. No seu ponto de vista, qual seria a intenção ao distribuir esse tipo de hoax?
Janaina Paschoal: “Eu nunca falei nada parecido. Que eu saiba, sequer existe esse instrumento (pedido de intervenção militar). Alguém pegou uma entrevista que eu dei para a FECOMÉRCIO, que não trata de intervenção militar, deturpou a entrevista e criou essa ficção.
Muitas pessoas me ligaram e enviaram mensagens para confirmar. Alguns amigos sugeriram que eu processasse o veículo. No entanto, se eu for processar todos que inventam mentiras a meu respeito, não conseguirei dar andamento ao processo de impeachment, nem cuidar de todo o meu trabalho diário. Eu imagino que mais essa mentira tenha o fim de me estigmatizar, de sugerir que eu não estou seguindo a ordem constitucional, quando minhas atitudes mostram que tenho grande apreço pela Constituição Federal.
Na tal entrevista, a jornalista perguntou se eu, no futuro, pediria o impeachment de um outro presidente. E eu respondi que, havendo crimes de responsabilidade, sim. Em nenhum momento, foi mencionada qualquer possibilidade de intervenção militar. Eu acredito que as Forças Armadas são muito importantes e que estão muito conscientes de seu papel constitucional. Nunca deixei de reconhecer isso, quando existe contexto. No caso da tal entrevista, nem mesmo essa minha opinião (que não nego) foi discutida. Então, foi apenas mais uma tentativa de me desmerecer, para fugir da discussão das sérias acusações que fundamentam o pedido de impeachment. Agradeço a oportunidade de esclarecer. Abraço gde. Janaina.”
Robson A.DSilva – Revista Sociedade Militar